Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)
TRATAMENTO DA LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA COM INIBIDORES DE TIROSINO QUINASE EM SEGUNDA LINHA
Abstract
Objetivo: Este trabalho tem como objetivo analisar o perfil dos pacientes com leucemia mieloide crônica (LMC) em tratamento no Conjunto Hospitalar de Sorocaba que foram submetidos à troca do inibidor de tirosina-quinase (ITK) de primeira geração por um de segunda geração. Metodologia: Foi obtida uma listagem de todos os pacientes que utilizam inibidores da tirosina-quinase de segunda geração e estão em tratamento para LMC no Conjunto Hospitalar de Sorocaba. Por meio de prontuários, foram obtidos os seguintes dados: idade, gênero, etnia, procedência, data do diagnóstico e de início do tratamento de primeira linha, data da troca de tratamento para um ITK de segunda geração e motivo da troca. Outros dados a respeito da doença no momento inicial do diagnóstico também foram obtidos; são eles: sinais e sintomas apresentados, volume do baço, níveis de hemoglobina, leucócitos, e plaquetas. Ao final, foi verificado e descrito o resultado da utilização do ITK de segunda geração nos pacientes. Os dados obtidos no estudo foram analisados e comparados com os dados presentes na literatura. Resultados: Foram analisados prontuários de 30 pacientes em tratamento com ITK de segunda geração. Sexo: 63,3% (19) dos pacientes são homens e 36,7% (11) mulheres; idade: mínima de 24 anos, máxima de 74 anos, com média de 54,9 anos; etnia: 53,3% de brancos (16), 6,7% de pardos, (2) 3,3% de negros e 3,3% de amarelos, sendo que 33,3% (11) não informaram a etnia; procedência: 46,7% (11) de Sorocaba, e os 53,3% restantes procedentes de cidades vizinhas; sintomas mais frequentes no início do diagnóstico: emagrecimento, presente em 42,9% dos pacientes e astenia, presente em 32,1% dos pacientes; hemoglobina: máxima de 15 e mínima de 7,7, com média de 10,9; glóbulos brancos: máxima de 493 500 e mínima de 13 520, com média de 189 675; plaquetas: máxima de 2 560 000 e mínima de 186 000, com média de 422 535; tempo decorrido entre diagnóstico e troca: média de 3 anos e 8 meses; motivo da troca: 67,9% trocaram devido à ausência ou perda de resposta molecular ao ITK de primeira geração, e os restantes 32,1% trocaram devido a algum tipo de toxicidade, sendo a mielotoxicidade a mais prevalente; ITK de segunda geração em uso: 66,7% usam Dasatinibe (20) e 33,3% usam Nilotinibe (10); resposta ao novo tratamento: 32,15% dos pacientes obtiveram níveis de gene BCR-ABL indetectáveis após início de ITK de segunda geração, com queda maior que 4,5 logaritmos na quantidade de células mutadas detectadas com o novo tratamento. 46,4% dos pacientes obtiveram uma queda entre 3 e 4,5 logaritmos nos níveis de BCR-ABL após novo tratamento, correspondendo a quantidades entre 0,1 e 0,032% das células com a mutação. 7,1% obtiveram queda de 2 a 3 logaritmos nos níveis de BCR-ABL, permanecendo com quantidades entre 1% e 0,1% de células mutadas detectadas no exame. Os restantes 7,1% obtiveram uma queda menor do que 1 logaritmo nos níveis do gene BCR-ABL, indicando persistência de uma porcentagem maior do que 1% de células mutadas. Discussão e conclusões: Os dados da pesquisa indicam que o motivo mais prevalente para a troca do ITK foi a perda ou ausência de resposta molecular ao tratamento com Imatinibe (67,9%), excedendo a porcentagem de trocas devido a toxicidade (32,9%). Obtiveram resposta molecular maior, 75% dos pacientes. Tais dados correspondem ao observado na literatura em tratamentos de segunda linha.