A Cor das Letras (Mar 2017)

ESTRUTURA PÓS-COLONIAL DE “QUARUP”, DE CALLADO

  • Licia Soares de Souza

DOI
https://doi.org/10.13102/cl.v9i1.1545
Journal volume & issue
Vol. 9, no. 1
pp. 133 – 148

Abstract

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Este trabalho analisa Quarup (1967) de Antonio Callado. Considerado um romance de êxodo reverso, segundo o modelo narrativo explorado por Euclides da Cunha, cujos viajantes partem da metrópole para averiguar os modos de existência do Brasil profundo, nos sertões ou nas reservas indígenas, Quarup é classificado como um romance de tese. Correlacionando várias correntes de pensamento, em ondas dialéticas de tese e antítese (getulismo, comunismo, indigenismo, folclorismo, sertanismo, europeísmo, cubanismo, etc.), Callado desenvolve uma narrativa apta a mostrar as tendências ideológicas que guiavam as comunidades nos conturbados anos do início da ditadura militar. Pretendemos mostrar que esse tipo de romance de tese, cujo entrelaçamento de correntes de pensamento diferenciados surge espelhando os impasses causados pela adoção de ideologias importadas, com caracteres colonialistas, muitas vezes, constitui o embrião do romance pós-colonial que politiza o estético no Brasil.