Literatura e Sociedade (Dec 2004)

Dérive poética e objeção cultural: da boemia parisiense a Mário de Andrade

  • Nicolau Sevcenko

DOI
https://doi.org/10.11606/issn.2237-1184.v0i7p16-34
Journal volume & issue
Vol. 9, no. 7

Abstract

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A partir de um panorama e de articulações entre os processos de reurbanizações das cidades de Paris e São Paulo e as experiências poéticas de fins do século XIX e primeiras décadas do século XX, a poesia de Mário de Andrade é lida na chave da tradição do projeto da boemia parisiense iniciado pela dérive de Jarry. Picasso e Apollinaire. Essa experiência de errância é diferente da flânerie baudelairiana. Ela é difusa por toda a superfície da cidade e de seus arrabaldes e turva a identidade de quem pratica, contrariamente à flânerie, que se realiza no circuito circunscrito das arcadas e dos bulevares parisienses, envolvendo um público homogêneo e um protagonista em geral do sexo masculino. Enquanto a flânerie confunde-se com um gesto visual, a errância comporta um gesto existencial na sua plenitude.

Keywords