Anais da Faculdade de Medicina de Olinda (Jun 2024)
Relação entre cintilografia de perfusão miocárdica e carga de trabalho na identificação de pacientes com alto risco para isquemia miocárdica
Abstract
Durante a realização da cintilografia de perfusão miocárdica (CPM) de estresse e repouso, é medida a carga de trabalho alcançada, definida pelos equivalentes metabólicos (METs), e verificada a presença de alterações isquêmicas nos exames eletrocardiográficos. O objetivo deste estudo foi avaliar essas variáveis e identificar quais seriam úteis na identificação dos pacientes com isquemia miocárdica severa. Para tanto, foi realizado um estudo do tipo transversal, observacional e retrospectivo, com amostragem do tipo não probabilístico por conveniência, feito por meio da análise de 2.388 prontuários cujos pacientes haviam sido encaminhados para realização de CPM. Os pacientes foram divididos em dois grupos de acordo com os METs alcançados, e foram comparadas as prevalências de isquemia severa aferida pelo software Wackers-Liu. Dos 2.388 prontuários, 506 atingiram 10 METs sem alterações eletrocardiográficas do segmento ST no estresse, os quais foram enquadrados no grupo B; desses, 0,4% (2/506) apresentou isquemia severa. Os 515 pacientes do grupo A não alcançaram 10 METs e apresentaram, simultaneamente, alterações eletrocardiográficas isquêmicas do segmento ST; 3,6% (19/515) deles evidenciaram isquemia severa, diferença estatisticamente significante (p < 0,0002). Com base nesses achados, conclui-se que, na presença de alterações eletrocardiográficas isquêmicas na fase de estresse com carga de trabalho < 10 METs, a probabilidade de isquemia miocárdica severa é nove vezes maior em comparação aos que alcançaram ≥ 10 METs sem alterações eletrocardiográficas isquêmicas. Desse modo, uma carga de trabalho que alcança ≥ 10 METs sem alterações eletrocardiográficas compatíveis com isquemia pode ser um bom preditor para ausência de isquemia severa na CPM.
Keywords