Práticas da História (Nov 2024)
Pôr a Revolução no lugar – as políticas de memória da democracia através dos “monumentos ao 25 de Abril”
Abstract
Este artigo propõe uma reflexão acerca das políticas de memória do Portugal democrático através do mapeamento e análise dos “monumentos ao 25 de Abril”. As transformações dos primeiros anos da democracia ressoaram na arte pública, que passou a celebrar figuras, episódios e valores que, durante anos, só puderam ser evocados em privado. Cingindo-nos às evocações escultóricas da Revolução, pretendemos identificar os momentos em que foram erigidas, a sua distribuição geográfica, os espaços que ocupam, os seus promotores e os símbolos e significados que inscrevem no espaço público. Dessa análise geral partimos para quatro casos de estudo, significativos das tendências, controvérsias e silêncios que caracterizam estas homenagens. Trata-se de monumentos configuram um observatório privilegiado das disputas pela memória coletiva da democracia, servindo, por um lado, estratégias de fixação e normalização de uma determinada ideia de Revolução e, por outro, contranarrativas resistentes aos discursos oficiais.