Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Nov 2023)

Prevalência do uso de antidepressivos no Brasil: revisão sistemática com meta-análise

  • Gustavo Magno Baldin Tiguman,
  • Rogério Hoefler,
  • Vanessa Gomes Lima,
  • Marcus Tolentino Silva,
  • Inês Ribeiro-Vaz,
  • Tais Freire Galvao

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2023.v1.s2.p.74
Journal volume & issue
Vol. 8, no. s. 2

Abstract

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Introdução: Antidepressivos são medicamentos empregados para tratar ansiedade e depressão, e suas vendas têm crescido nos últimos anos no Brasil ¹, possivelmente refletindo o aumento da carga de doenças em saúde mental. Estudos de base populacional sobre a prevalência do uso de antidepressivos foram realizados em diferentes regiões do Brasil, mas não há uma síntese desses resultados, o que traria informação relevante sobre o consumo desses medicamentos. Objetivos: Estimar a prevalência do uso de antidepressivos na população brasileira por meio de revisão sistemática com meta-análise. Material e Método: Realizamos uma revisão sistemática da literatura seguindo um protocolo previamente registrado (CRD42022345332). As buscas foram realizadas em maio de 2023 nas seguintes bases de dados: MEDLINE, Embase, Scopus, LILACS e SciELO. Dois pesquisadores selecionaram independentemente os estudos, extraíram os dados e avaliaram a qualidade metodológica. Combinamos a prevalência de consumo de antidepressivos e intervalo de confiança de 95% (IC95%) usando meta-análises de proporções de Freeman-Tukey, com a heterogeneidade estimada pelo I². Adicionalmente foram calculadas meta-análises do odds ratio (OR) do uso de antidepressivos por sexo pelo método DerSimonian & Laird e metarregressões pelo método de Knapp-Hartung modificado para avaliar o efeito de variáveis na variabilidade da prevalência do uso de antidepressivos entre os estudos. Resultados: De 3.299 registros, foram incluídos 23 estudos publicados em 28 artigos. A prevalência geral de uso de antidepressivos foi de 4,0% (IC 95% 2,7-5,6%; I2=98,5%). O uso de antidepressivos nos 3 dias anteriores foi maior em mulheres (12,0%; IC 95% 9,5-15,1%; I²=0,0%) do que em homens (4,6%; IC 95% 3,1-6,8%; I²=0,0%), OR=2,82 (IC95% 1,72-4,62). As diferenças de gênero foram particularmente maiores para o uso de antidepressivos no ano anterior (mulheres: 2,3%; IC 95% 1,6-3,1; I2=37,6%; homens: 0,5%; IC 95% 0,2-1,0%; I²=0,0%; OR=4,18 [IC95% 2,10-8,30]). A prevalência pontual de uso de antidepressivos entre idosos foi maior do que em adultos no dia da entrevista (idosos: 12,2%; IC95% 4,3-23,4%; I²=97,3%; adultos: 5,6%; IC95% 1,8-11,3%; I²=96,1%). A variação da prevalência geral do uso de antidepressivos aumentou significativamente com a média de idade dos participantes (p=0,035; I² residual=0,0%; coeficiente de regressão=0,003). Discussão e Conclusões: Quatro em cada 100 brasileiros fazem uso de antidepressivos, sendo maior em mulheres do que em homens e em idosos em relação a adultos. Investimentos em serviços farmacêuticos são necessários para monitorar o uso racional de antidepressivos na população brasileira, especialmente em indivíduos vulneráveis, como os idosos.

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