Millenium (Feb 2016)
A Influência do Estado Nutricional na Depressão em Doentes em Cuidados Paliativos
Abstract
O estudo analisa a influência do estado nutricional na depressão em doentes em cuidados paliativos. É filosofia dos cuidados paliativos proporcionar cuidados de suporte global, visando o controlo de sintomas e a melhoria da qualidade de vida dos doentes e dos seus familiares. A avaliação realizada na triagem nutricional permitiu identificar o risco do doente e os seus resultados tornam possível o enquadramento de um plano nutricional, que contribuirá para o seu bem-estar a nível físico, psíquico e social. Sendo o diagnóstico de depressão cada vez mais frequente, é impreterível a sua deteção precoce, tratamento e monitorização. Optou-se por um estudo quantitativo, transversal, descritivo e correlacional, recorrendo a uma amostra não probabilística, constituída por 50 doentes, dos quais 52% do sexo feminino e 48% do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 41 e os 95 anos, 84% internados uma vez na UCP e 62% dos doentes medicados com antidepressivos. O diagnóstico mais frequente é a neoplasia com 86%. Nos últimos meses, 62% apresentou perda de apetite e 40% vómitos. Da aplicação da escala MUST (Malnutrition Universal Screening Scale), resultou um IMC de 22.61, com peso médio de 69.80Kg, verificando-se uma perda de peso médio de 13.83%, caracterizando um risco elevado de desnutrição (70%). Através do Inventário de Depressão de Beck constatou-se que, na amostra, 92% apresentavam depressão e que a sintomatologia depressiva era mais grave no sexo feminino do que no sexo masculino ( x =27.23 Vs x =24.63), não sendo, contudo, este valor estatisticamente significativo; Identificou-se ainda que 60% apresentam depressão grave. Constatou-se que, das variáveis sociodemográficas, a idade apresenta uma associação baixa e positiva (r=0.260; p=0.048), contudo não é estatisticamente significativa. Verificou-se, ainda, que o risco do estado nutricional não tem influência na depressão, observando-se uma associação muito baixa e positiva (r=0.035; p=0.817), não existindo diferenças estatisticamente significativas.