Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
ANÁLISE DE IMC PRÉ E PÓS PANDÊMICOS EM UMA COORTE TRANSVERSAL DE PACIENTES COM DOENÇAS FALCIFORMES
Abstract
Objetivo: Avaliar a classificação de Índice de Massa Corporal (IMC) pré e pós pandêmico em indivíduos com DF. Materiais e métodos: Trata-se de uma análise transversal, de uma coorte composta por 142 adultos portadores de DF, cadastrados na Fundação Hemominas Juiz de Fora analisados em dois momentos: sendo o ponto 1 (REDS III) de novembro/2013 a setembro/2014 e ponto 2 (REDS IV) de agosto/2022 a maio/2024. Os dados antropométricos foram aferidos pelos pesquisadores em balança digital. O IMC foi classificado de acordo com os pontos de corte adotados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O Teste T de Student foi aplicado para comparar os dois momentos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (No 02790812.0.2002.5118 e 4.382.562). Resultados: A amostra total era composta por 74 pacientes do sexo feminino (52,1%). Em relação ao genótipo, 63% dos pacientes apresentavam DF tipo SS. Na análise do ponto 2 de observação período pós pandêmico, 9,2% apresentou baixo peso, 67,6% eutrofia, 16,9% sobrepeso e 6,3% dos pacientes encontrava-se com obesidade (> 30 kg/m²). A relação peso e genótipo da DF mostrou que 100% dos indivíduos com baixo peso eram SS e a análise dos indivíduos obesos teve maior prevalência nos genótipos heterozigóticos. Não houve possibilidade de estabelecer uma relação com significância quanto ao tipo de DF e sobrepeso e obesidade. Não foram identificados valores significativos para: a) aumento do sobrepeso (p > 0,5) e b) similaridade da população eutrófica (p > 0,5). Em relação à obesidade, houve aumento significativo (p = 0,05). Discussão: Houve 45,3% de inadequação do estado nutricional no ponto 1, caindo para 32,4% dos pacientes com inadequação do ponto 2; apesar disso, o percentual de pacientes com magreza caiu, e houve aumento do número de pacientes com sobrepeso e obesidade . A análise dos dados referentes aos pacientes de acordo com o estado nutricional não permitiu estabelecer uma significância em relação ao tipo de DF, indicando que, independentemente do tipo de DF, há necessidade de acompanhamento alimentar individual aos pacientes assistidos. Houve aumento significativo da obesidade, fato já identificado globalmente, que merece foco para intervenções preventivas e de manejo, visando melhorar a saúde e a qualidade de vida desses pacientes. Conclusão: O nosso estudo revelou que, durante o período da pandemia, houve um aumento significativo na prevalência de obesidade entre os pacientes com DF, refletindo a tendência global de aumento de peso devido a fatores como mudanças nos hábitos alimentares e aumento do sedentarismo. Esses achados destacam a importância de um acompanhamento nutricional individualizado e de intervenções preventivas e de manejo para melhorar a saúde e a qualidade de vida dos pacientes com DF. A necessidade de uma abordagem multidisciplinar é evidente para enfrentar as complexidades do atendimento a essa população, especialmente em tempos de pandemia.