Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

A TUBERCULOSE EM PESSOAS VIVENDO COM HIV NO BRASIL: TENDÊNCIAS NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XXI

  • Marco Aurélio de Oliveira Góes,
  • Walmer Carvalho Filho,
  • Beatriz Santana Ribeiro,
  • Guilherme Pedralina dos Santos,
  • Vanessa Alves Nascimento,
  • Luciano Araújo de Souza Filho,
  • Flávia Moreira Dias Passos

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 102963

Abstract

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Introdução/Objetivo: A tuberculose (TB) continua sendo a principal causa de morte entre pessoas vivendo com HIV (PVHIV). Medidas como uso de terapia antirretroviral universal para todas as PVHIV, como o tratamento preventivo da infecção latente pelo TB podem impactar no adoecimento e mortalidade. O estudo tem como objetivo avaliar as tendências temporais da coinfecção Tuberculose e HIV/aids no Brasil. Metodologia: Trata-se de um tipo série temporal dos casos de Tuberculose (TB) em pessoas vivendo com HIV (PVHIV) no Brasil de 2001 a 2022. Os dados foram obtidos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde a partir dos bancos de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). As tendências temporais foram analisadas por meio de modelos de regressão Joinpoint (regressão linear segmentada), sendo calculada a variação percentual anual média (AAPC - average annual percent change) para o período completo. Resultados: No período estudado ocorreram 1.623.251 casos novos de TB no Brasil, sendo 143.361 em PVHIV (8,8%). Entre PVHIV 71,3% dos casos de TB ocorreram no sexo masculino e 56% entre 20 e 39 anos. A coinfecção TB/HIV variou de acordo com a região, sendo maior no Sul (15,7%), Sudeste (9%) e Centro-oeste (8,3%), e menor no Norte (7,5%) e Nordeste (6,1%). A tendência temporal da incidência de coinfecção TB/HIV no Brasil demonstrou-se segmentada no período, sendo crescente de 2001- 2013 (AAPC = 1,1) e decrescente de 2013-2022 (AAPC = -2,1), fenômeno também observado no Sul. No Sudeste houve tendência decrescente em todo o período (AAPC = -2,2), enquanto nas demais houve um primeiro segmento com tendência crescente, mas seguido de tendência estacionária. A letalidade dos casos de coinfecção HIV/TB foi de 21,6% e a cura obtida em apenas 50,2%. Conclusão: O Brasil possui uma grande carga de coinfecção HIV/TB, mas as tendências de controle demonstram-se diferentes nas regiões do país, podendo se reflexo de questões relacionadas ao acesso ao diagnóstico e tratamento oportuno. torna-se fundamental estratégias para diminuir as diferenças e possíveis iniquidades no cuidado a essa população.

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