Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

CARACTERIZAÇÃO E PREVALÊNCIA DO VÍRUS T-LINFOTRÓPICO HUMANO (HTLV) EM UMA POPULAÇÃO RIBEIRINHA RESIDENTE NO MUNICÍPIO DE MARACANÃ, PARÁ

  • Aline Cecy Rocha de Lima,
  • Felipe Teixeira Lopes,
  • Renata Santos de Sousa,
  • Jayanne Lilian Carvalho Gomes,
  • Vanessa de Oliveira Freitas,
  • Carlos Neandro Cordeiro de Lima,
  • Bernardo Cintra dos Santos,
  • Keise Adrielle Santos Pereira,
  • Wandrey Roberto dos Santos,
  • Isabella Nogueira Abreu,
  • Maria Karoliny da Silva Torres,
  • Maria Izaura Cayres Vallinoto,
  • Antonio Carlos Rosário Vallinoto,
  • Andréa Nazaré Monteiro Rangel da Silva,
  • Rosimar Neris Martins Feitosa

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102267

Abstract

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Introdução: O HTLV foi descrito em 1980 em uma cultura de células T de um paciente que apresentava linfoma cutâneo e é associado a doenças como a Paraparesia Espástica Tropical/Mielopatia Associada ao HTLV-1. Por se tratar de uma doença negligenciada, até o presente momento não se tem um tratamento efetivo para seus portadores, além do que não há uma descrição precisa sobre a prevalência da infecção em populações ribeirinhas, particularmente, no estado do Pará. Objetivo: Realizar a caracterização sociodemográfica e determinar a prevalência do HTLV-1/2 em uma população ribeirinha residente no município de Maracanã no estado do Pará. Métodos: Durante o mês de maio de 2021, foram entrevistados 117 indivíduos, os quais responderam um questionário epidemiológico contendo perguntas socioeconômicas e relacionadas ao risco de infecção pelo HTLV. Depois, foram coletadas amostras de sangue total (5 mL), para realização do ensaio imunoenzimático do tipo ELISA para pesquisa de anticorpos anti-HTLV-1/2 e nas amostras reagentes foi feita a técnica de PCR em tempo real para diferenciação entre HTLV-1 e HTLV-2. Resultados: Entre os entrevistados observou-se uma média de idade de 37 anos, sendo a maioria do sexo feminino (59,0%), de cor parda (68,3%), com ensino fundamental incompleto (58,1%), solteiros (51,2%), com renda familiar inferior a um salário mínimo (67,5%). Ademais, grande parte da população afirmou não possuir tatuagens (93,1%) e nem piercings (94,8%), nunca ter recebido transfusão sanguínea (96,5%), ter sido amamentado durante a infância (94%), não fazer o uso de preservativo (33,3%) e nunca ter recebido diagnóstico para nem uma IST (65,8%). Quatro pessoas foram soropositivas e tiveram a infecção confirmada para o HTLV-1 (3,42%), sendo dois indivíduos do sexo masculino (50%) e 2 do sexo feminino (50%), solteiros (50%) e casados (50%). Todos afirmaram não possuir tatuagens e piercings, nunca ter recebido transfusão de sangue, terem sido amamentados (100%), 2 indivíduos relataram ter o hábito de usar preservativo em suas relações (50%) e 1 afirmou já ter recebido diagnóstico para alguma IST (25%). Conclusão: Observou-se uma baixa prevalência de HTLV nesta população, no entanto é válido ressaltar que dentre os pacientes com infecção confirmada, foi relatada a falta de uso do preservativo durante a atividade sexual, fator esse que pode ser essencial para a transmissão do HTLV.