Geochimica Brasiliensis (Dec 2013)
Biodisponibilidade de metais no sedimento de um reservatório tropical urbano (reservatório Guarapiranga – São Paulo (SP), Brasil): há toxicidade potencial e heterogeneidade espacial?
Abstract
Os sedimentos têm grande importância na avaliação da contaminação e poluição dos ecossistemas aquáticos. Para avaliar a qualidade dos sedimen-tos da represa Guarapiranga aplicaram-se diferentes linhas de evidência: 1) Valores-Guia de Qualidade do Sedimento (VGQS) baseados na teoria do Equilíbrio e Partição; 2) VGQS empíricos (TEL-Threshold Effect Level; PEL-Probable Effect Level); 3) Valores de Referência Regionais (VRR) e 4) testes ecotoxicológicos (agudo/crônico) em água e sedimento. A relação ∑([MES]–[SVA])/fCOT (MES: metais extraídos simultaneamente; SVA: sulfetos volatilizáveis por acidificação; fCOT: fração carbono orgânico total) indicou toxicidade incerta nos pontos localizados à jusante na represa. Concentrações de SVA, matéria orgânica e frações silte/argila mostraram-se como potenciais fases complexadoras dos metais. Segundo VGQS empírico, a maioria dos pontos apresentou valor acima do intervalo com possíveis efeitos adversos à biota (PEL), em relação aos metais Cd, Cu, e Ni, e concentrações acima do VRR para Cd (9,7±7,2 mg/kg-1), Cu (1157,2±1125,6 mg/kg-1), Ni (38,3±28,4 mg/kg-1) e Zn (223,7±118,3 mg/kg-1). O reservatório foi dividido em dois compartimentos, que diferiram, de acordo com a PCA, quanto aos teores de Cd, Cu e profundidade, sendo que o compartimento com as maiores concentrações de metais englobou a captação de água para abastecimento público. Nos testes ecotoxicológicos, o sedimento apresentou maior potencial tóxico do que o observado em água, entretanto, esse maior potencial tóxico não pode ser atribuído apenas aos elevados teores de metais. Os resultados reforçam a necessidade do monitoramento da qualidade do sedimento e água, principalmente no que diz respeito à contaminação por Cu e Cd.