Human Resources for Health (May 2020)

Redressing the gender imbalance: a qualitative analysis of recruitment and retention in Mozambique’s community health workforce

  • Rosalind Steege,
  • Miriam Taegtmeyer,
  • Sozinho Ndima,
  • Celso Give,
  • Mohsin Sidat,
  • Clara Ferrão,
  • Sally Theobald

DOI
https://doi.org/10.1186/s12960-020-00476-w
Journal volume & issue
Vol. 18, no. 1
pp. 1 – 20

Abstract

Read online

Resumo O programa de saúde comunitária de Moçambique tem um número desproporcional de agentes comunitários de saúde – Agentes Polivalentes Elementares (APEs) – do sexo masculino. O governo pretende aumentar a proporção de mulheres para 60%, para melhorar indicadores de saúde materna e infantil. Este estudo explora os processos de recrutamento dos APEs e como estes são moldados por normas de gênero; e como os papéis e relações de gênero influenciam a experiência e retenção dos APEs na província de Maputo, Sul de Moçambique. Recorreu-se a métodos qualitativos para selecionar de forma propositada APEs, supervisores dos APE e líderes comunitários. As entrevistas foram gravadas, transcritas e traduzidas. Uma grelha de codificação foi desenvolvida de acordo com a análise temática para sintetizar os resultados. Realizamos entrevistas em profundidade (n = 30), informante chave (n = 1) e discussões em grupos focais (n = 3) para captar as experiências e percepções dos processos de recrutamento. As estruturas decisórias intrafamiliares, implicam que as mulheres podem experienciar barreiras na adesão ao programa dos APE, exigindo frequentemente anuência dos esposos. Os treinamentos fora das comunidades representam aprendizagem em ambiente diferente, todavia, as mulheres relataram dificuldades em deixar as suas responsabilidades familiares, e os homens desafios em prover assistência as suas famílias. Estas dinâmicas agudizaram-se para mães solteiras com o papel de provedoras e de principais cuidadoras. A atracão do programa por gênero revelou que as mulheres tendem a abandonar o programa quando se casam, e os homens a abandonarem quando são oferecidos melhores empregos. A idade e a localização geográfica demonstram que os APEs mais jovens buscam oportunidades de emprego na vizinha África do Sul, e os mais velhos tendem permanecer no programa. Sugerimos que as normas de gênero e a dinâmica de poder se cruzam com outros eixos de desigualdade, como estado civil, idade e localização geográfica, para influenciarem o recrutamento e a retenção dos trabalhadores comunitários de saúde. O fortalecimento dos sistemas de saúde requer políticas mais equitativas e sensíveis para apoiarem a equidade de gênero nos processos de recrutamento e manter dos APEs.

Keywords