Revista de Cultura de Paz (Dec 2020)
“Nós semo da Fronteira da paz”: Identidade jornalística e identidade cultural, silenciamento e discriminação
Abstract
O debate sobre jornalismo e identidade cultural oportuniza a reflexão sobre o jornalismo como uma prática institucionalizada e internacionalizada que, simultaneamente, se ancora em um lugar e um tempo determinado, cumprindo um papel capital nas trocas culturais e simbólicas. O presente artigo aborda o posicionamento adotado pela imprensa da ‘Fronteira da paz’, conformada pelas cidades Santana do Livramento (Brasil) e Rivera (Uruguai), frente a principal marca identitária da região: o portunhol, que ganhou novo episódio com a chegada do COVID-19. O estudo de caso analisa, a partir de uma perspectiva quali-quanti, a abordagem realizada por dois meios locais, os jornais A Plateia (Santana do Livramento) e Diário Norte (Rivera). A amostra está composta por edições de dois períodos: maio de 2016 e maio-junho de 2020, quando foi divulgado o “Cuplé de Rivera”, no programa radial La mesa de los galanes, transmitido pela FM del Sol, de Montevidéu. A pesquisa permite evidenciar a “negociação” estabelecida entre identidade jornalística e identidade cultural no jornalismo local, observando algumas das tramas do jogo social que se desenvolve na construção de sentido em torno do portunhol e provocam seu silenciamento e discriminação.