Locus (Sep 2021)

Ocidente, Direitas e Islã

  • Gabriel Fernandes Rocha Guimarães

DOI
https://doi.org/10.34019/2594-8296.2021.v27.33754
Journal volume & issue
Vol. 27, no. 2
pp. 150 – 178

Abstract

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O sentimento de rechaço ao islã tornou-se algo como um lugar-comum junto à emergência da nova direita populista em vários países e regiões do planeta. Sobretudo após os atentados de 11 de setembro de 2001, o islã ganhou um papel de protagonismo dentro daquilo que essa direita propõe combater. Todavia, os motivos do sentimento anti-islâmico tornam-se turvos, uma vez que antes do 11 de setembro vários setores da direita na Europa e nos EUA já enquadravam o imigrante não europeu, ou de países do chamado terceiro mundo como um grande problema. Quando o sentimento anti-islâmico surge nos discursos da direita em países que não se defrontam com a questão da imigração de forma tão incisiva, como no Brasil, este tema fica ainda mais problemático, tornando-se necessária uma averiguação mais detalhada da questão. Neste artigo analisa-se a abordagem do islã no contexto da nova direita no pensamento de Olavo de Carvalho, um influente formador de opinião da direita brasileira atual. Busca-se compreender de que forma suas ideias de fato convergem com o edifício teórico e ideológico da direita do Hemisfério Norte. Conclui-se que, antes que um equivalente das direitas identitárias euro-americanas, as propostas de Olavo de Carvalho se enquadram mais na Direita Cristã norte-americana, que teve o seu período de maior ativação nos anos 1990. A direita olavista recupera um discurso e um enquadramento de mundo próximos da direita norte-americana da guerra fria, porém, incorporando o tema do islã, tendo pontos de contato com a atual direita norte-americana e europeia, porém não sendo intercambiável com ela.

Keywords