Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)
DETERMINANTES EPIDEMIOLÓGICOS RELACIONADOS AO AUMENTO DO NÚMEROS DE CASOS DE SÍFILIS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2010-2020
Abstract
Introdução/objetivos: No Brasil, durante o período de 2010 a 2019, apesar da implantação de políticas públicas visando o controle e prevenção da sífilis, foram notificados 783.544 casos, com um crescimento de 1.152% no número de casos desse agravo. O resumo tem como objetivo analisar a influência do perfil epidemiológico, dos fatores educacionais e da eficácia dos serviços de saúde prestados nos números de sífilis. Métodos: Tal resumo trata-se de uma pesquisa epidemiológica de múltiplos grupos correspondentes a estados brasileiros com maior e menor taxa de detecção total de sífilis, em cada uma das cinco regiões do país. Os estados com maiores taxas de detecção foram alocados no Grupo 1 (Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Sergipe e Rio Grande do Sul) e os estados com menores taxas de detecção no Grupo 2 (Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Maranhão e Paraná). As variáveis incluídas estão disponíveis online no site: http://indicadoressifilis.aids.gov.br/. Resultados: A média da distribuição dos casos de sífilis segundo o sexo nos grupos 1 e 2 indicam maior prevalência no sexo masculino, com 53,8% e 58,2%, respectivamente. Em relação à faixa etária nos grupos 1 e 2, a idade de 20 a 29 anos possui a maior representação nos casos de sífilis gestacional. A classificação clínica de sífilis gestacional mais presente no grupo 1 refere-se à sífilis latente, já no grupo 2, à sífilis primária. A análise da distribuição dos casos de sífilis segundo o nível educacional não apresentou resultados relevantes. De acordo com a informação do pré-natal, os dados indicam que, tanto no grupo 1 como no grupo 2, as mães realizaram pré-natal durante a gestação na maioria dos casos de sífilis congênita. Correlacionado a esse fato, os dados também indicam que a maior parte dos diagnósticos de sífilis congênita foram realizados, ainda, durante o pré-natal nos grupos 1 e 2. No entanto, segundo a classificação do esquema de tratamento nos casos de sífilis congênita, a maioria dos tratamentos realizados são considerados inadequados em ambos os grupos. Conclusão: Em suma, a partir das análises dos resultados de todas as variáveis é possível afirmar que aquelas relacionadas à eficácia dos serviços de saúde e ao estágio da doença estão mais fortemente ligadas com o número de casos de sífilis. Ademais, devem ser feitos estudos mais aprofundados sobre os fatores relacionados à sífilis para a elaboração de propostas de intervenção que possam ser efetivas no controle dessa infecção.