Revista de Estudos Literários da UEMS - REVELL (Sep 2020)
Escrevivências e movimentos (auto)formativos na pesquisa por uma educação antirracista
Abstract
Este texto apresenta os resultados parciais de pesquisa que toma como objeto de estudo as práticas pedagógicas que tratam sobre relações étnico-raciais e de gênero em uma escola do interior baiano. Objetiva apresentar as principais experiências dos professores/as colaboradores/as sobre suas práticas pedagógicas com as temáticas em questão, bem como as principias implicações no movimento de alteração da realidade observada, experienciada e refletida, narradas na escrevivência da pesquisadora como mulher-negra-professora, que entrecruza vida-pesquisa-formação, no entrelace com a empiria resultante dos dados parciais cultivados em campo. As escolhas teórico-metodológicos valorizam os modos de produção de conhecimento das escritoras e intelectuais negras, na ciência e na literatura, a exemplo da escrevivência de Conceição Evaristo, que inspira a conceber o texto acadêmico como uma escrita-vida (EVARISTO, 2005) que não se desvencilha das experiências da pesquisadora e suas/seus colaboradoras/es da pesquisa. Nas discussões teóricas dialogamos principalmente com Conceição Evaristo (2005, 2009), Carla Akotirene (2019), bell hooks (2017), Grada Kilomba (2019) e outras/os autoras/es. Os ateliês de pesquisa e o diário de bordo da pesquisadora foram os dispositivos escolhidos na construção de dados. Os resultados evidenciam, sobretudo, que professores e professoras mostram-se abertos/as e afetados/as para processos (auto)formativos em rede colaborativa e encontram-se em movimentos de gestação de práticas pedagógicas antirracistas e antissexistas, implementando atividades que vem se ampliando ao longo do ano letivo e que precisam ser sustentadas de forma sistemática pelo coletivo. Permanece como desafio a inserção sustentada nos currículos de todas as áreas de conhecimento e componentes curriculares.