Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

INTERNAÇÕES POR COVID-19 EM IDOSOS COM DOENÇA HEMATOLÓGICA CRÔNICA SEGUNDO VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS E COMORBIDADES, NO BRASIL, EM 2020

  • CP Batista,
  • AA Majima,
  • MDN Silva,
  • LF Silva,
  • PAT Almeid-Júnior,
  • JVFA Cordeiro,
  • TS Felix,
  • ALDS Neres,
  • VRGA Valviesse

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S83 – S84

Abstract

Read online

Introdução/Objetivos: A idade avançada e a presença de comorbidades foram descritas como fatores de risco para piores evoluções para COVID-19. A doença hematológica crônica (DHC) encontra-se entre tais comorbidades e verifica-se a necessidade de investigar o perfil sociodemográfico e as demais condições associadas a esses pacientes. Objetivou-se analisar as internações de casos suspeitos e confirmados de COVID-19 em idosos com DHC segundo variáveis sociodemográficas e comorbidades, no Brasil, em 2020. Material e métodos: Trata-se de um estudo transversal a partir de dados do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe). Foram incluídos indivíduos maiores de 60 anos com DHC, internados, em 2020, por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e classificadas como casos suspeitos ou confirmados de COVID-19 no Brasil. As variáveis analisadas foram sexo, idade, raça, nível de escolaridade, comorbidade (doença hepática crônica, asma, doença cardiovascular crônica, diabetes mellitus, doença neurológica crônica, pneumopatia crônica, imunodeficiência ou imunodepressão, obesidade e doença renal crônica) e evolução (cura ou óbito). Realizaram-se análise estatística descritiva, bivariadas pelo teste qui-quadrado de Pearson ou teste exato de Fisher, quando adequado, e analítica multivariada por regressão logística, cuja variável dependente foi evolução. No modelo de regressão logística, foram incluídas as variáveis que apresentaram p-valor < 0,20 na análise bivariada. Foi utilizado o método backward elimination para a obtenção do modelo final. O nível de significância adotado foi de 5%. Resultados: A população foi de 4.961 idosos, cuja mediana das idades foi 73 anos (67, 81), em que 2.544 (51,28%) eram do sexo masculino. Houve maiores chances de óbito entre homens (OR = 1,15; IC95% 1,00-1,32; p-valor = 0,049); nas faixas etárias de 80 a 89 (OR = 1,52; IC95% 1,27-1,83; p-valor < 0,001) e de 90 anos ou mais (OR = 2,00; IC95% 1,48-2,71; p-valor < 0,001), como referência 60 a 69 anos. Entre os idosos com DHC, observou-se maiores chances de óbito na presença de imunodeficiência ou imunodepressão (OR = 1,22; IC95% 1,03-1,44; p-valor = 0,019) e doença renal crônica (OR = 1,39; IC95% 1,15-1,68; p-valor < 0,001). Contudo, na presença de asma, houve menores chances de óbito (OR = 0,62; IC95% 0,48-0,81; p-valor < 0,001). Discussão: Na literatura, foram descritas algumas características que são fatores de risco para mortalidade por COVID-19, como sexo masculino, idade avançada, presença de doença pulmonar obstrutiva crônica, diabetes, hipertensão, doença cardiovascular, câncer, tabagismo e obesidade. As comorbidades são mais frequentes conforme a idade se torna mais avançada, ou seja, nos idosos, o que pode justificar o perfil de mortalidade observado no presente estudo. No SIVEP-Gripe, não há descrição e distinção entre doenças hematológicas benignas ou malignas no grupo de DHC, sendo, portanto, uma limitação deste estudo. Conclusão: Sexo masculino, idade avançada e presença de imunodeficiência ou imunodepressão e doença renal crônica foram associadas a pior evolução em idosos com DHC, enquanto a presença de asma apresentou característica de proteção. Vale ressaltar a importância de mais investigações a fim de ser possível uma interpretação adequada sobre o achado referente aos pacientes com DHC e asma.