Revista de Saúde Pública (Apr 2011)
Associação entre violência por parceiro íntimo contra a mulher e infecção por HIV Asociación entre violencia contra la mujer por pareja íntima e infección por VIH Association between intimate partner violence against women and HIV infection
Abstract
OBJETIVO: Analisar a associação entre a violência por parceiro íntimo contra mulheres e a infecção ou suspeita de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). MÉTODOS: Estudo transversal com base em dados de questionários aplicados face-a-face e de prontuários médicos de 2.780 mulheres de 15 a 49 anos, atendidas em unidades do sistema único de saúde da Grande São Paulo, SP, em 2001-2002. As mulheres foram categorizadas em: usuárias em tratamento por serem "soropositivas para o HIV", com "suspeita de HIV" e aquelas que procuraram os serviços por outros motivos. A violência por parceiro íntimo contra mulheres na vida foi categorizada por gravidade e recorrência dos episódios de violência. A associação com o desfecho foi testada pelo modelo de Poisson com variância robusta e ajustada por variáveis sociodemográficas, sexuais e reprodutivas. RESULTADOS: A prevalência de violência foi de 59,8%. Sofrer violência reiterada e grave apresentou maior associação de infecção confirmada pelo HIV (RP = 1,91). A violência independente da gravidade e da recorrência dos episódios apresentou maior associação para a suspeita de infecção por HIV (RP = 1,29). CONCLUSÕES: A violência por parceiro íntimo contra mulheres tem papel relevante nas situações de suspeita e confirmação da infecção pelo HIV, sendo essencial incluir sua detecção, controle e prevenção como parte da atenção integral à saúde das mulheres.OBJETIVO: Analizar la asociación entre la violencia contra mujeres por pareja íntima y la infección o sospecha de infección por el virus de inmunodeficiencia humana (VIH). MÉTODOS: Estudio transversal con base en datos de cuestionarios aplicados cara-a cara y de prontuarios médicos de 2.780 mujeres de 15 a 49 años, atendidas en unidades del sistema único de salud de la Gran Sao Paulo, Sureste de Brasil, en 2001-2002. Las mujeres fueron categorizadas en: usuarias en tratamiento por ser "seropositivas para el VIH", con "sospecha de VIH" y aquellas que buscaron los servicios por otros motivos. La violencia contra mujeres por pareja íntima en la vida fue categorizada por gravedad y recurrencia de los episodios de violencia. La asociación con la infección fue evaluada por el modelo de Poisson con variancia robusta y ajustada por variables sociodemográficas, sexuales y reproductivas. RESULTADOS: La prevalencia de violencia fue de 59,8%. Sufrir violencia reiterada y grave presentó mayor asociación de infección confirmada por el VIH (RP=1,91). La violencia independiente de la gravedad y de la recurrencia de los episodios presentó mayor asociación para la sospecha de infección por VIH (RP= 1,29). CONCLUSIONES: La violencia contra mujeres por pareja íntima tiene papel relevante en las situaciones de sospecha y confirmación de la infección por el HIV, siendo esencial incluir su detección, control y prevención como parte de la atención integral a la salud de las mujeres.OBJECTIVE: To analyze the association between intimate partner violence against women and infection or suspected infection by the human immunodeficiency virus (HIV). METHODS: A cross-sectional study was conducted, based on data from questionnaires applied face-to-face and medical records of 2,780 women aged between 15 and 49 years, cared for in Sistema Único de Saúde (Unified Health System) units of the Greater São Paulo area, Southeastern Brazil, in 2001-2002. Women were categorized into: users in treatment because they are "HIV seropositive", those "suspected of having HIV" and others who sought health services for different reasons. Intimate partner violence against women throughout life was categorized according to the severity and recurrence of episodes of violence. The association with the outcome was tested using the Poisson model with robust and adjusted variance for sociodemographic, sexual and reproductive variables. RESULTS: The prevalence of violence was 59.8%. Suffering repeated and severe violence was more closely associated with confirmed HIV infection (PR = 1.91). Violence independent from severity and recurrence of episodes showed greater association with suspected HIV infection (PR = 1.29). CONCLUSIONS: Intimate partner violence against women has a key role in situations of suspected and confirmed HIV infection. Thus, it is essential to include its detection, control and prevention as part of the comprehensive care provided for women's health.