Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (Mar 2006)

Ácido fólico e anomalias congénitas: Conhecimentos da população portuguesa

  • Ausenda Machado,
  • Maria Jesus Feijóo

DOI
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v22i2.10226
Journal volume & issue
Vol. 22, no. 2

Abstract

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Objectivos: Descrição dos conhecimentos da população sobre ácido fólico e o seu papel na prevenção de anomalias congénitas. Metodologia: Estudo analítico transversal baseado em inquérito telefónico a indivíduos com 18 ou mais anos residentes em unidades de alojamento (UA) de Portugal Continental. A amostra aleatória inicial consistiu em 1.211 UA. Os resultados foram analisados por métodos de estatística descritiva univariada e bivariada. Possíveis associações entre os conhecimentos sobre ácido fólico e variáveis independentes (sexo, idade e nível de instrução) foram estudadas através do teste de Qui-quadrado e por ajustamento de um modelo de regressão logística. Resultados: Obtiveram-se 975 inquéritos válidos, tendo-se verificado que 48,5% dos inquiridos já tinham ouvido falar do composto. A maioria das mulheres (51,4%) respondeu afirmativamente à questão, tendo as pertencentes ao grupo etário 25-44 anos respondido afirmativamente em maior percentagem (77,5%). 82,8% dos indivíduos com instrução ao nível de ensino superior afirmou ter ouvido falar do ácido fólico. O modelo de regressão logística elaborado identificou os factores sexo (ORMasculino/Feminino=1,59), nível de instrução (ORaté ensino básico/ensino superior=6,57) e grupo etário (OR³45 anos/18-44 anos =1,47) como variáveis associadas a «já ter ouvido falar de ácido fólico». Dos inquiridos que tinham ouvido falar deste composto, 11,0% indicou como finalidade da suplementação evitar malformações nos bebés, por outro lado 22,9% indicou grávidas ou mulheres em idade fértil como os correctos beneficiários da suplementação com ácido fólico. Contudo, a situação mais reportada a ambas as questões foi «não sabe». Apenas 15,4% dos inquiridos indicaram correctamente antes de engravidar como a altura para iniciar a suplementação. Conclusões: Os resultados indicaram que parte significativa da população (especialmente indivíduos do sexo masculino e os inquiridos com baixo nível de instrução) não ouviram falar de ácido fólico. Verificaram-se apreciáveis deficiências de conhecimento do período correcto para se iniciar a suplementação e prevenir as malformações congénitas.

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