Revista Brasileira de Anestesiologia (Apr 2008)

Administração inadvertida de 4 mg de morfina por via subaracnóidea: relato de caso Administración inadvertida de 4 mg de morfina por vía subaracnoidea: relato de caso Accidental subarachnoid administration of 4 mg of morphine: case report

  • Bruno Salomé de Morais,
  • Yerkes Pereira Silva,
  • Marcos Guilherme C. Cruvinel,
  • Carlos Henrique Viana de Castro,
  • Marco Victor Hermeto

DOI
https://doi.org/10.1590/S0034-70942008000200008
Journal volume & issue
Vol. 58, no. 2
pp. 160 – 164

Abstract

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JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A administração de morfina por via subaracnóidea é técnica bem estabelecida para analgesia pós-operatória devido a sua eficácia, segurança e baixo custo. A administração inadvertida de 4 mg de morfina por via subaracnóidea complicada por fibrilação atrial ap��s administração de naloxona foi o objetivo desse relato. RELATO DO CASO: Paciente do sexo masculino, 45 anos, 75 kg, 1,72 m, estado físico ASA II, hipertenso, a ser submetido à reconstrução do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. Após a realização da raquianestesia, foi constatada troca da ampola de morfina, com administração de 4 mg (0,4 mL da ampola de 10 mg) por via subaracnóidea. A freqüência respiratória oscilou entre 12 e 16 incursões respiratórias por minuto e o paciente manteve-se estável hemodinamicamente sem queixas no intra-operatório. Após 30 minutos da admissão na SRPA, apresentou vômitos e sudorese, tratados com 0,4 mg de naloxona seguidos de infusão contínua de 0,2 mg.h-1 até o desaparecimento dos sintomas. A infusão contínua de naloxona foi mantida na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde a pressão arterial, freqüência cardíaca, freqüência respiratória, saturação de oxigênio foram monitoradas, assim como a presença de náusea, prurido, vômito, sedação, dor e retenção urinária observadas. Após 2 horas de admissão na UTI, o paciente apresentou fibrilação atrial aguda sem instabilidade hemodinâmica. O ritmo sinusal foi restabelecido após 150 mg de amiodarona e interrupção da infusão de naloxona. Nas 18 horas seguintes apresentou estabilidade hemodinâmica e evoluiu sem outras intercorrências até a alta hospitalar. CONCLUSÕES: O presente relato alerta para o risco de troca de medicamentos durante o ato anestésico e ressalta a importância do encaminhamento dos pacientes em tratamento de sobredose de opióides à UTI em virtude de seus potenciais efeitos adversos.JUSTIFICATIVA Y OBJETIVOS: La administración de morfina por vía subaracnoidea es la técnica bien establecida para la analgesia postoperatoria debido a su eficacia, seguridad y bajo costo. La administración inadvertida de 4 mg de morfina por vía subaracnoidea complicada por fibrilación atrial después de la administración de naloxona fue el objetivo de este relato. RELATO DEL CASO: Paciente del sexo masculino, 45 años, 75 kg, 1,72 m, estado físico ASA II, hipertenso, a ser sometido a la reconstrucción del ligamento cruzado anterior de la rodilla izquierda. Después de la realización de la raquianestesia, fue constatado cambio de la ampolla de morfina, con administración de 4 mg (0,4 mL de la ampolla de 10 mg) por vía subaracnoidea. La frecuencia respiratoria osciló entre 12 y 16 incursiones respiratorias por minuto y el paciente se mantuvo estable hemodinámicamente sin quejarse en el intraoperatorio. Después de 30 minutos de la admisión en la SRPA, presentó vómitos y sudor, tratados con 0,4 mg de naloxona seguidos de infusión continua de 0,2 mg.h-1 hasta el desaparecimiento de los síntomas. La infusión continua de naloxona se mantuvo en la Unidad de Cuidados Intensivos (UCI), donde la presión arterial, frecuencia cardíaca, frecuencia respiratoria, saturación de oxígeno se monitorearon. También se comprobó la presencia de náusea, prurito, vómito, sedación, dolor y retención urinaria. Después de 2 horas de admisión en la UCI, el paciente presentó fibrilación atrial aguda sin inestabilidad hemodinámica. El ritmo sinusal fue reestablecido después de 150 mg de amiodarona e interrupción de la infusión de naloxona. En las 18 horas siguientes presentó estabilidad hemodinámica y evolucionó sin otras intercurrencias hasta su alta. CONCLUSIONES: El presente relato nos avisa sobre el riesgo del cambio de medicamentos durante la anestesia y resalta la importancia del envío de los pacientes en tratamiento de sobredosis de opioides a la UCI a causa de sus potenciales efectos adversos.BACKGROUND AND OBJECTIVES: The subarachnoid administration of morphine is a well-established anesthetic technique of postoperative analgesia due to its efficacy, safety and low cost. The objective of this paper was to report the accidental subarachnoid administration of 4 mg of morphine complicated by atrial fibrillation after administration of naloxone. CASE REPORT: A 45-year old male patient with 75 kg, 1.72 m, physical status ASA II, hypertensive, was scheduled for reconstruction of the anterior cruciate ligament of the left knee. After spinal anesthesia, it was noticed that the vial of morphine had been changed resulting in the accidental subarachnoid administration of 4 mg of morphine (0.4 mL of the 10 mg vial). Respiratory rate varied from 12 to 16 bpm and the patient remained hemodynamically stable without intraoperative complaints. Thirty minutes after admission to the post-anesthesia recovery unit the patient developed vomiting and diaphoresis being treated with 0.4 mg of naloxone followed by continuous infusion of 0.2 mg.h-1 until the symptoms had subsided. Continuous naloxone infusion was maintained in the Intensive Care Unit (ICU), where blood pressure, heart rate, respiratory rate and oxygen saturation were monitored as well as the presence of nausea, pruritus, vomiting, sedation, pain and urinary retention. Two hours after arriving at the ICU the patient developed acute atrial fibrillation without hemodynamic instability. Sinus rhythm was reestablished after the administration of 150 mg of amiodarone and discontinuation of the naloxone infusion. During the following 18 hours the patient remained hemodynamically stable and did not experience any other intercurrence until his discharge from the hospital. CONCLUSIONS: The present report is an alert for the risk of inadvertently switching of drugs during anesthesia, stressing the importance of referring patients being treated for opiate overdose to the ICU, due to the potential adverse reactions.

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