Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)
PREVALÊNCIA E ÓBITOS DA INFECÇÃO MENINGOCÓCICA NA INFÂNCIA NO BRASIL ENTRE OS ANOS DE 2017 E 2022
Abstract
Introdução: A infecção meningocócica é causada pela bactéria Neisseria meningitidis. Existem ao menos 13 sorogrupos meningocócicos definidos e seis (A, B, C, W, X, Y) são responsáveis pela maior carga de doenças clínicas. Pacientes quando infectados podem culminar em condições extremamente graves especialmente meningoencefalite meningocócica e meningococcemia. Mesmo com o tratamento, no mundo, cerca de 10 a cada 100 pessoas que são acometidos pela infecção meningocócica morrem como resultado. Com isso, o objetivo desse estudo consiste na descrição do número de internações e óbitos em crianças de até 4 anos de idade por infecção meningocócica nas diversas regiões brasileiras durante os anos de 2017 a 2022. Métodos: Estudo epidemiológico do tipo ecológico, com dados de janeiro de 2017 a dezembro de 2022, referente a números absolutos de internações e mortes por infecção meningocócica, nas diversas regiões do Brasil. Os participantes selecionados foram crianças entre 0 e 4 anos. A coleta de dados foi realizada através do Sistema de Informações hospitalares do SUS (SIH/SUS) hospedado no DATASUS. Resultados: De acordo com os dados obtidos, constatou-se que o total de crianças internadas por infecção meningocócica no Brasil nos últimos 6 anos foi de 1.366. Salienta-se também que o total de óbitos neste período que foi de 115, com maior incidência na Região Sudeste 57 óbitos (49,6%) seguido das regiões Nordeste 26 óbitos (22,6%), região Sul 15 óbitos (13%), região Norte 9 óbitos (7,8%) e região Centro Oeste 8 óbitos (6,9%). Conclusão: No Brasil, entre 2017-2022, observou-se um decréscimo no número de internações e óbitos na infância por infecção meningocócica, quando comparado a anos anteriores ao estudo. Parte disso se deve a implementação da vacina específica para o sorogrupo C, pelo Ministério da Saúde do Brasil no ano de 2010. O tema demanda estudos futuros que possibilitem uma maior avaliação temporal, a fim de comprovar com dados epidemiológicos a constante redução dos números de óbitos e internações da infecção meningocócica. Além disso, o período da pandemia pode ter influenciado diretamente na redução da notificação dos casos. Os resultados obtidos estão de acordo com o observado na literatura.
