Revista Educação e Cultura Contemporânea (Jun 2018)

“Imaginar apesar de tudo”: da imagem à responsabilização ética pela vida do outro

  • Gregory da Silva Balthazar,
  • Fabiana de Amorim Marcello

DOI
https://doi.org/10.5935/reeduc.v15i39.4729
Journal volume & issue
Vol. 15, no. 39

Abstract

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Em tempos sombrios, e que nos tornam, a cada vez, cegos diante da dor do outro, como pensar sobre o tema de uma responsabilização ética sobre a dor de corpos legados a uma condição precária? Para dar conta deste objetivo, este texto conjuga duas discussões. Inicialmente, fazemos uma aposta sobre o conceito de imagem, assumindo tal conceito como fio condutor do debate. Assim, na primeira seção, debatemos sobre a capacidade das imagens em nos convocar, na relação mesma de olhar, ao que chamamos de uma responsabilização ética pela vida do outro. Tal debate é realizado a partir de um diálogo entre autores como Georges Didi-Huberman e Judith Butler e nossa tentativa é, a partir deles, discutir o conceito de cegueira epistemológica como um tipo de retórica do inimaginável presente nas imagens do sofrimento e da dor humana em tempos de guerra. Em seguida, analisamos três imagens que compõem Holocaust Project, da artista americana de Judy Chicago, selecionadas por sua capacidade em nos convocar a nos afastarmos de uma cegueira epistemológica que nos ensina um tipo particular de apagamento, qual seja, aquele vinculado às práticas de, até hoje, (não) olharmos a experiência das mulheres nos campos de concentração. Ao fazer isso, direcionamo-nos a um exercício empático à dor e ao sofrimento das mulheres imputados pelo nazismo, convocando-nos a uma dimensão mais ampla: a de nos responsabilizarmos por uma condição precária que tem o gênero como elemento fundante.