Revista Subjetividades (May 2016)

Notas sobre “Um Discurso sem Palavras”: A Psicanálise na Instituição de Saúde

  • Danielle Carvalho Ramos,
  • Roseane Freitas Nicolau

Journal volume & issue
Vol. 13, no. 3-4
pp. 797 – 814

Abstract

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Ao exteriorizar seus anseios acerca do alcance da psicanálise para além dos limites do consultório particular, Freud já chamava nossa atenção para dirigirmos nosso olhar ao sujeito, ao seu sofrimento, não importando em que lugar ou condições ele pudesse se encontrar. Já indicava, assim, uma articulação possível entre a psicanálise e a instituição. Tratando-se, pois, do dispositivo analítico como aquele que não se restringe ao consultório, mas que se aplica a qualquer configuração analítica, o presente trabalho, fruto de questões articuladas no grupo de pesquisa “Psicanálise, sintoma e instituição”, propõe discutir o fazer da psicanálise enquanto um saber fazer que propicia um lugar para o sujeito, a despeito do local onde ela opere. Por conseguinte, entendemos que, na instituição de saúde, isso não se dê de modo diverso, porquanto, ainda que o contexto seja outro, a ética psicanalítica é a mesma. Se o sujeito tende a ser excluído na instituição regida pelo saber médico, o discurso psicanalítico, por sua vez, o inclui, na medida em que favorece o bem-dizer do desejo, logo, de um dizer que remete ao inconsciente. Para tecer algumas considerações acerca dessa temática, tomamos por fio condutor uma curiosa expressão proferida por Lacan: “um discurso sem palavras”. Com ela, podemos pensar na psicanálise enquanto um lugar discursivo onde cabe um fazer diferente: o de possibilitar o pronunciamento do sujeito do inconsciente através da palavra, oferecendo-lhe a escuta e permitindo que apareça aquilo que é da subjetividade, propiciando ao sujeito um lugar no e pelo discurso.

Keywords