Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)
INFECÇÃO POR CORONAVÍRUS (SARS-COV-2) EM RECÉM-NASCIDO EM UMA MATERNIDADE MUNICIPAL EM GOIÂNIA-GO
Abstract
O SARS-CoV-2 é um vírus identificado como a causa de um surto de doença respiratória, a transmissão se dá pelo contato e partículas respiratórias. Na população pediátrica a doença cursa com sintomas inespecíficos como: febre, hipotermia, taquipneia, gemência, desconforto respiratório, sintomas gastrointestinais como vômito e diarreia e geralmente cursam com casos mais leves ou moderados. E em gestantes tem se observado um grande numero de casos graves, cursando com hipoxemia. Paciente de 27 anos, gestação gemelar com idade gestacional de 31 semanas e 5 dias baseada na primeira ultrassonografia, proveniente do interior de Goiás, com história de um parto normal e nenhum aborto. Com quadro de síndrome gripal há 6 dias, apresentando cefaleia, febre, tosse seca e mialgia, com piora há 48 horas com dispneia aos mínimos esforços e dessaturação (88% em ar ambiente) com necessidade de uso de oxigenioterapia suplementar. Antecedentes patológicos de obesidade e diabetes mellitus tipo 2, fez acompanhamento regular de pré-natal. Foi realizada investigação clínica e laboratorial, com resultado de RT-PCR COVID-19 positivo. Devido quadro de insuficiência respiratória e sofrimento fetal foi indicado parto cesáreo, com nascimento de dois bebes sexo feminino prematuros e encaminhados a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Realizado triagem neonatal com exames laboratoriais gerais e pesquisa de RT-PCR COVID-19 com 48 e 96 horas de vida. O primeiro gemelar apresentou dois resultados de RT-PCR COVID-19 negativos e o segundo gemelar o primeiro resultado negativo e o segundo exame positivo. Ambos receberam os mesmos cuidados durante as coletas. O RN positivo, apresentou quadro pulmonar grave, necessidade de intubação orotraqueal e ventilação mecânica, uso de drogas vasoativas, infecção bacteriana secundária e fez uso de antibioticoterapia. Permaneceu em isolamento respiratório por 20 dias e apesentou melhora clínica e resposta a terapia instituída. Recebeu alta após 45 dias de internação em leito de UTIN e enfermaria. O cenário em RN vem mudando ao longo da pandemia, com casos graves que necessitam de suporte intensivo e desfechos desfavoráveis com óbitos. Os poucos dados existentes até o momento não permitem a comprovação da transmissão intrauterina. Nesse caso foi observado a positividade de RT PCR COVID-19 após 96 horas, não podendo excluir infecção nosocomial, ressaltando a necessidade de seguimento de rotinas a fim de evitar disseminação viral.