Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (Oct 1996)
Suscetibilidade aos agentes quimioterápicos de isolados de Schistosoma mansoni oriundos de pacientes tratados com oxamniquine e praziquantel e não curados
Abstract
Foram estudados dez isolados de Schistosoma mansoni provenientes de pacientes residentes em Itaquara, Bahia, Brasil, tratados com oxamniquine eposteriormente com praziquantel, e ainda assim não curados. Caramujos (Biomphalaria glabrataj foram expostos a miracídios provenientes das fezes dos pacientes. Cercãrías eliminadas por estes caramujos e por moluscos coletados no peridomicílio dos pacientes foram utilizadas para infecção experimental de camundongos albinos. Os animais infectados foram tratados em dose única, via oral, com oxamniquine (25, 50 e 100 mg/kg) ou praziquantel (100, 200 e 400mg/kg). Foram realizados estudos de análise e comparação de DNA de cercãrías de S. mansoni eliminadas pelos caramujos e de vermes adultos recolhidos de camundongos infectados experimentalmente com os isolados dos 10 pacientes e ainda de cercãrías de S. mansoni eliminadas por moluscos naturalmente infectados coletados em Itaquara. A cepa LE (mantida rotineiramente no laboratório) foi usada como padrão de comparação da resposta aos agentes esquistossomicidas administrados. As respostas terapêuticas foram significativamente diferentes entre alguns dos isolados embora não fosse possível caracterizar nenhum como resistente. A análise dos perfis de amplificação de DNA nas cercãrías e nos vermes adultos dos isolados de S. mansoni demonstrou baixo grau de variabilidade indicando que estes são geneticamente próximos e revelando a ausência de rearranjos globais dentro dos genomas.Ten inhabitants of Itaquara, Bahia, Brazil treated with oxamniquine and subsequently praziquantel were not cured. Schistosoma mansoni isolates derived from these patients were studied. Snails were infected with miracidia derivedfrom the feces of these patients and the cercariae produced used to infect albino mice. The animals were then treated with a single oral dose of oxamniquine (25, 50 and 100mg/kg) or praziquantel (100, 200 and 400 mg/kg). Tloe response to chemotherapy was significantly different in some of the isolates although it was not possible to characterize any of them as resistant, hi addition, DNA analysis of the isolates by means of "Random Amplified Polymorfhic DNA ''indicated a low degree of variability as compared with a laboratory strain, LE. Thus, it was not possible to characterize these organisms at a genetic level as a distinct strain.