Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

MORTALIDADE POR ANEMIA HEMOLÍTICA ADQUIRIDA NO BRASIL (2010-2019)

  • CVCD Nascimento,
  • DSR Farias,
  • ECG Feio,
  • HOA Rocha,
  • A Shinkai,
  • AS Brandão,
  • SC Franco

Journal volume & issue
Vol. 43
pp. S24 – S25

Abstract

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Objetivos: A anemia hemolítica adquirida é uma condição que ocorre decrescimento do número total de hemácias em decorrência da sua destruição antecipada, sua causa está ligada a outras doenças e condições adquiridas após o nascimento. O objetivo do trabalho é realizar uma análise da mortalidade dessa doença no cenário brasileiro. Materiais e métodos: Foi realizado um estudo epidemiológico descritivo utilizando dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), presente na plataforma DATASUS, limitando-se aos óbitos causados por anemia hemolítica adquirida entre os anos de 2010 e 2019. Assim, dados referentes aos fatores sociodemográficos como faixa etária, cor/raça, sexo e região de moradia, foram coletados. O teste qui-quadrado de proporções esperadas iguais foi utilizado para avaliar os parâmetros. Resultados: Foram encontrados um total 1664 óbitos por anemia hemolítica, registrados entre os anos de 2010 e 2019 no Brasil, classificados majoritariamente como: pessoas do sexo feminino (52,88%; p < 0,05), a partir de 55 anos (55,95%; p < 0,01), brancas (49,4%; p < 0,01), nordestinos (27,6%; p < 0,01) e sudestinos (38,34%; p < 0,01). Ademais, destaca-se um crescimento anual médio de 7% dos óbitos nesse período. Discussão: Na análise dos dados observou-se um maior número de óbitos por anemia hemolítica (AH) no sudeste e nordeste, respectivamente, fato que pode estar ligado ao quantitativo populacional dessas regiões, que são as duas mais populosas do Brasil. Com relação a raça/cor, a literatura relata não haver predisposição, entretanto notou-se um maior quantitativo nos autodeclarados brancos. Também, identificou-se pequeno predomínio de morte em mulheres, isso pode ter relação com a maior prevalência de Anemia hemolítica autoimune (AHAI) neste mesmo grupo em adolescentes e adultos. Faz-se essa inferência, devido a AHAI, na literatura, ser a AH adquirida mais comum, contudo ressalta-se que o SIM não permite fazer essa separação dos dados. Além disso, em uma revisão de literatura, apontou-se que há poucos estudos que analisam com propriedade a sobrevida e a taxa de mortalidade da AHAI, mas reconheceu-se a sepse secundária a imunodepressão do tratamento como a causa mais comum de óbito, salientando-se um risco aumentado de morte para idade superior a 50 anos, o que mostra correspondência com os dados obtidos neste trabalho. Finalmente, o aumento linear observado merece destaque, pois a AH adquirida tem baixa incidência, e mesmo a AHAI, a mais prevalente, ocorre apenas em cerca de 1 a 3 casos para cada 100.000 crianças ao ano, segundo a literatura. Conclusão: Conclui-se que a mortalidade por anemia hemolítica apresenta relação com idade e sexo, vitimando discretamente mais mulheres e majoritariamente pessoas de idade mais avançada, provavelmente devido ao fato de terem o sistema imunológico fragilizado pelo tratamento, levando ao óbito por sepse. Outrossim, enfatiza-se maiores mortes entre os declarados brancos, e o crescimento observado, mesmo com a baixa incidência da doença. Destarte, reforça-se a necessidade de mais estudos sobre o tema, visando-se encontrar melhores formas de aumentar a sobrevida e reduzir a morte em diferentes casos.