Pesquisa Agropecuária Gaúcha (Dec 2004)

Efeitos da aplicação de herbicidas sobre a nodulação e desenvolvimento de soja inoculada com estirpes de Bradyrhizobium sp.

  • Dércio Scholles,
  • Fernando Gustavo Mobrdiecks,
  • Luciano Kayser Vargas,
  • Enilson Luiz Saccol Sás

Journal volume & issue
Vol. 10, no. 1/2
pp. 11 – 22

Abstract

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A soja tem sido produzida, tradicionalmente, em sistemas que incluem a utilização de herbicidas, muitas vezes em doses acima das recomendadas. O processo de fixação simbiótica de nitrogênio em leguminosas pode ser prejudicado por esses agrotóxicos, tanto por efeitos diretos sobre o rizóbio, como indiretos, sobre a planta hospe- deira. Com o objetivo de avaliar o efeito de doses de diferentes herbicidas, bem como o efeito residual desses produtos, sobre estirpes de Bradyrhizobium e sobre a nodulação da soja, foram realizados dois experimentos em vasos com solo, conduzidos em casa de vegetação. Em ambos experimentos, as sementes de soja foram inoculadas com as estirpes SEM IA 587 (Bradyrhizobium elkanii), SEMIA 5074 ou SEM IA 5079 (Bradyrhizobium japonicum). No primeiro experimento, foram aplicados os herbicidas alaclor, imazaquin, metolacloro e metribuzin, na dose recomen- dada (l x), dez vezes a dose recomendada (10x) e controle sem aplicação. Aos 30 e 55 dias após a germinação, foram avaliados o número e a massa seca de nódulos, a quantidade de nitrogênio total e a massa seca da parte aérea das plantas de soja. No segundo, visando verificar-se o efeito da reaplicação de herbicidas na nodulação da soja, os herbicidas alaclor, imazaquin e metolacloro foram aplicados, nas doses recomendadas, no solo que já havia recebido as mesmas doses no experimento anterior. A aplicação do dobro da dose recomendada foi feita no solo com o tratamento controle. Já o solo que havia recebido a dose equivalente a dez vezes a recomendada, não recebeu reaplicação. Como controle, utilizou-se solo semeado com soja inoculada com as estirpes de Bradyrhizobium, sem aplicação de herbicidas. O experimento foi colhido 40 dias após a semeadura, sendo avaliados o número e a massa seca de nódulos e a massa seca da parte aérea. A aplicação da dose recomendada dos herbicidas não diferiu do controle sem aplicação de herbicidas. Já a dose 10 x afetou negativamente todas as variáveis analisadas. A estirpe SEMIA 587 foi a mais eficiente e a mais tolerante aos herbicidas utilizados, enquanto a estirpe SEMIA 5079 foi a mais sensível. O herbicida metribuzin foi o mais tóxico, seguido por metolacloro. A reaplicação dos herbicidas na dose recomendada não foi prejudicial, indicando uma dissipação significativa dos produtos 80 dias após a sua aplicação.

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