Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
PACIENTES COM HEMOGLOBINOPATIAS NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE: DESAFIOS PARA GARANTIA DA INTEGRALIDADE DO CUIDADO
Abstract
Objetivos: Compreender como é realizada a assistência ao paciente com hemoglobinopatias na rede de atenção à saúde, frente a premissa da integralidade do cuidado no sistema público de saúde do Brasil. Material e métodos: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura do acervo das plataformas Google Acadêmico, Scielo, PubMed, Scientific Electronic Library, sendo os artigos científicos extraídos publicados entre os anos de 2020 a 2024 a partir de descritores: hemoglobinopatias, sistema único de saúde, anemia falciforme. Resultados: Ao analisar os resultados desta pesquisa, compreende-se que embora exista uma política pública no Brasil que propõe o atendimento integral nos três níveis de atenção à saúde a todos os pacientes com hemoglobinopatias, percebe-se ainda a necessidade de uma ampla articulação entre os pontos da rede. O atendimento médico às pessoas com hemoglobinopatias no Brasil historicamente é realizado em serviços de hematologia de hospitais gerais, em Hemocentros e em emergências, de forma descoordenada. O modelo hospitalocêntrico de assistência, que durante anos foi o modelo hegemônico, tanto tem privado os pacientes de ações e de programas pertinentes à Atenção Básica, quanto promoveu a iniquidade, devido às diferenças de recursos tecnológicos entre os hospitais e demais pontos desta rede de atenção à saúde. Discussão: De acordo com a primeira diretriz da Política Nacional, a Hemorrede Pública deve coordenar a entrada dos pacientes diagnosticados pela triagem neonatal na rede assistencial do SUS, cuja porta de entrada está definida pela Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) como sendo ela própria. Assim como a organização da assistência aos indivíduos com diagnóstico tardio é uma diretriz que deixa a critério de programas estaduais regionais definir como será implementada. Dessa forma estes pacientes já se encontram inseridos na rede do SUS, o desafio portanto é atendê-los de forma coordenada e longitudinal, onde exista a responsabilização dos serviços e respectivamente dos profissionais para desenvolver a articulação entre os pontos da rede com o objetivo de fazer acontecer uma política de saúde que garanta a equidade e a integralidade cuidado para todos. Ainda sobre à questão da integralidade, ressalta-se que deve ser promovida através do atendimento por equipe multidisciplinar e do estabelecimento de interfaces entre as diferentes áreas, visando a articulação das demais ações que extrapolam a competência da Hemorrede. Conclusão: Garantir a integralidade do cuidado aos pacientes com hemoglobinopatias ainda é um grande desafio no país. As dificuldades de articulação das unidades básicas com os níveis intermediários de atenção ainda são pontos cruciais para consolidação da política de atenção à saúde e a resolutividade da rede. A formação de vínculo, o estabelecimento de fluxo assistencial para atendimento dos pacientes e a utilização dos serviços são fundamentais para a garantia da assistência integral a portadores de doenças crônicas, seja ela coordenada na atenção básica, como é o modelo do SUS, seja em centros de referência, como ocorre em outros países.