Brazilian Journal of Infectious Diseases (Sep 2022)

DIVERSIDADE DE CARBAPENEMASES EM ESPÉCIES DE PSEUDOMONAS DO GRUPO PUTIDA

  • Felipe Alberto-Lei,
  • Carolina Silva Nodari,
  • Ana Paula Streling,
  • Francisco Ozório Bessa-Neto,
  • André Valêncio Siqueira,
  • Rodrigo Cayô,
  • Ana Cristina Gales

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102397

Abstract

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Introdução: Na última década, a emergência de Pseudomonas do grupo putida (PPG) vêm recebendo um maior destaque por conta de sua capacidade de causar infecções nosocomiais e de sua plasticidade genética, sendo capazes de adquirir elementos genéticos móveis (EGM) contendo genes de resistência aos antibióticos. Objetivo: Neste estudo investigamos o resistoma e o contexto genético de espécies distintas de isolados clínicos pertencentes a PPG e sua relevância no cenário brasileiro atual. Método: Um total de 12 isolados de PPG resistentes aos carbapenêmicos foram recuperados de uma coleção de micro-organismos (2010-2019) provenientes de pacientes internados em três hospitais brasileiros. A determinação das espécies e suas relações filogenéticas, bem como a caracterização de seus resistomas, foram realizadas utilizando sequências obtidas através do sequenciamento de genoma completo (Illumina MiSeq). As concentrações inibitórias mínimas de 13 antimicrobianos foram determinadas por microdiluição em caldo (BrCAST, 2021). Adicionalmente, a localização dos genes codificadores de carbapenemases foi confirmada por Southern-Blot e Hibridização. Resultados: Os isolados foram identificados como P. juntendi (n = 7), P. monteilii (n = 2), P. asiatica (n = 1), P. mosselii (n = 1) e P. putida (n = 1), pertencentes a 11 STs diferentes. Todos isolados foram resistentes ao meropenem, ao imipenem, à ceftazidima, à piperacilina-tazobactam, à cefepima e ao aztreonam. Além disso, a maioria (n = 11) foi resistente à levofloxacina e à ciprofloxacina. Por outro lado, a maior parte dos isolados foi suscetível à amicacina (MIC90 16 µg/mL) e à polimixina B (MIC90 0,5 µg/mL). Os isolados carregavam ao menos um gene codificador de β-lactamases (VIM-2 [n=6]; IMP-16 [n = 3]; IMP-74 [n = 2]; BKC-1 [n = 1]; KPC-2 [n = 1]) associados a diversos MGEs incorporados em plasmídeos de 34 até 210 kb. Adicionalmente, observamos a persistência de integrons de classe 1 entre isolados de espécies distintas, recuperados com um intervalo de sete anos. Conclusão: A maioria dos isolados carreavam genes codificadores de MβLs (IMP e/ou VIM) inseridos em integrons de classe 1 carreados por plasmídeos. Este também foi o primeiro relato de um bacilo gram-negativo não-fermentador produtor de BKC-1. Este estudo demonstrou a variabilidade de espécies de PpG presentes no ambiente nosocomial e a diversidade de mecanismos adquiridos de resistência aos carbapenêmicos, ressaltando o potencial dessas espécies como emergentes patógenos nosocomiais.Ag. Financiadora: CNPQ.Nr. Processo: 134434/2018-8.