Antíteses (Dec 2017)

D. Alexandre de Sousa e Holstein e a cultura lusitana numa Roma em ebulição (1790-1803)

  • Francisco Almeida Dias

Journal volume & issue
Vol. 10, no. 20

Abstract

Read online

As conceções neoclássicas, propaladas pela produção teórica de Winckelmann e Mengs, encontraram em Roma, no fim do século XVIII, uma aplicação concreta, no que concerne a formação artística dos jovens portugueses enviados pela Casa Pia de Lisboa, ou vindos com subvenções alternativas, como Sequeira ou Vieira Portuense. A fundação de uma efémera Academia de Belas-Artes teve em D. Alexandre de Sousa e Holstein um protagonista requintado e culto, que viu o seu projeto interrompido por vicissitudes familiares e pela agitação política europeia, pressagiando a invasão da cidade de Pio VI pelas tropas de Berthier em 1798. Será o mesmo diplomata que, na sua segunda enviatura, irá dissolver o estabelecimento, projetado em colaboração com o Intendente-geral Pina Manique e posto em movimento com a preciosa intervenção do crítico de arte, colecionador e bibliófilo Giovanni Gherardo De Rossi. Nessa Urbe que reencontra devastada, irá morrer também, daí a pouco, o próprio D. Alexandre. Provindo de uma família excecional e prosseguidor de uma descendência ilustríssima, tem simbolicamente, na efígie sepulcral, finamente cinzelada pelo inefável Canova, a chave de ouro com que fecha a sua vida - uma vida que espera ainda um merecido estudo de grande fôlego.

Keywords