Psicologia & Sociedade (Dec 2007)
A banalização da mentira como uma das perversões da sociedade contemporânea e sua internalização como destrutividade psíquica Trivialization of lies in contemporary society and their internalization as psychic destruction
Abstract
Na contemporaneidade, a mentira constitui um dos principais atributos das relações sociais, instituindo-se como valor eticamente perverso; manifesta-se como ideologia ou é expressa cinicamente como "mentira manifesta"; a lei é a da hipocrisia normatizada entre os sujeitos; revela-se sob as sutilezas enganosas e opressivas da burocracia, em certas justificativas cínicas de segredo ou de sigilo; destrói as manifestações do desejar, sentir, pensar e agir e esvazia o respeito à alteridade dos indivíduos; apresenta-se potencializada pela cumplicidade, mesmo que inconsciente, dos indivíduos, que a reproduzem em vínculos de farsa. O poder de difusão da mentira sustenta-se na banalização da malignidade que atravessa a vida dos homens. A mentira produz e difunde a atribuição de periculosidade a certos grupos e/ou nações - "os terroristas" - para justificar ações bélicas contra povos com fins prioritariamente econômicos.Lies are currently the chief attributes of social relationships with an ethically perverse value. Lies manifest themselves as ideology or are cynically expressed as "overt lies". Naturalized hypocrisy among subjects is the new norm and is revealed beneath the wary and oppressive subtleties of bureaucracy in cynical secrecy or oath justifications. Lies disrupt the manifestations of desire, feeling, thought and activity and blurs the respect towards the individual's alterity. They are totally complicit even though unconsciously individuals reproduce them as a farce. The propagation force of lies is foregrounded in the trivialization of evil that lies within human life. Lies produce and propagate the attribution of dangerousness of certain groups and/or nations, such as that of the socalled "terrorists", so that war activities for economical advantages against certain populations may be justified.
Keywords