Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS DO TESTE DE GERAÇÃO DE TROMBINA EM GESTANTES COM PRÉ-ECLÂMPSIA: REVISÃO SISTEMÁTICA

  • LCDN Melo,
  • LR Lopes,
  • MDG Carvalho,
  • LMS Dusse,
  • PN Alpoim,
  • DRA Rios,
  • M Barros-Pinheiro

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S558

Abstract

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Objetivo: Avaliar se o padrão e a magnitude das alterações hemostáticas observadas por meio do Teste de Geração de Trombina (TGT) diferem em gestantes com Pré-Eclâmpsia (PE) quando comparado com gestantes normotensas. Material e métodos: Realizou-se uma busca sistemática nas bases de dados PubMed, LILACS, Web of Science e Embase, em novembro de 2023, sem restrição de ano de publicação e idioma. Inclui-se estudos observacionais que avaliaram parâmetros do TGT (lag-time, time to peak, peak , Potencial de Trombina Endógeno ‒ ETP) em gestantes com PE leve, grave, de início precoce ou tardio e em gestantes normotensas pareadas em relação à idade gestacional daquelas com PE. A qualidade metodológica dos estudos foi avaliada pela Escala Newcastle-Ottawa (NOS) adaptada e o Checklist por Analytical Cross Sectional Studies. A maioria dos estudos foi considerada de qualidade alta. Resultados: Recuperou-se 2.329 artigos, destes, sete foram incluídos na revisão sistemática. No total participaram 581 gestantes normotensas e 321 gestantes com PE. Analisando os dados globalmente, ainda no início da gravidez, ETP e peak foram significativamente mais altos, e o lagtime e time to peak mais curtos nas gestantes com PE comparadas às gestantes normotensas. No entanto, gestantes com PE grave apresentaram um ETP e peak significativamente mais baixo e um lagtime maior que as gestantes com PE leve. Além do mais, na PE de início precoce a ativação da coagulação ocorre mais cedo que na PE tardia. Discussão: A PE é uma das principais causas de mortalidade e morbidade materno fetal, até o momento apresentando ainda etiologia idiopática, todavia, é consolidado que há um estado pró-trombótico. O TGT tem sido utilizado para detecção de condições clínicas associadas aos distúrbios de hemostasia, incluindo a PE. A partir do estudos incluídos nesta revisão sistemática, foi possível observar que há maior geração de trombina em gestantes com PE quando comparadas às gestantes saudáveis, bem como nas gestantes com PE precoce comparadas às com PE tardia. Em contrapartida, as gestantes com PE grave apresentaram menor geração de trombina quando comparadas às gestantes com PE leve. Sabe-se que o TGT é influenciado pelos níveis dos anticoagulantes naturais. A literatura mostra que os níveis do inibidor da via do fator tecidual (TFPI) estão aumentados em pacientes com PE precoce em relação às gestantes normotensas e este aumento é mais evidente na PE grave. Isso poderia explicar, em parte, a geração de trombina menor em casos graves da doença. Ademais, existem diversas variáveis pré e analíticas que podem influenciar o TGT, como: a contagem residual de plaquetas, o uso do CTI (Corn Trypsin Inhibition), a gatilho utilizado (baixa, média ou alta concentração de fator tecidual) na técnica, o método utilizado, além das diferenças na seleção da população de estudo, já que PE é uma doença com extensa variabilidade clínica. Conclusão: Os achados fortalecem um estado de hipercoagulabilidade na PE como um todo, porém interessantemente, atenuado nos casos clinicamente mais graves. Observa-se em geral no terceiro trimestre uma ativação acentuada da cascata de coagulação, porém há evidências de uma maior ativação da cascata de coagulação ocorrendo ainda na fase inicial da gravidez, antes da manifestação clínica da doença, especialmente nos casos de PE de início precoce, o que pode conceder ao TGT uma perspectiva clínica.