Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material (Dec 2024)

Ponderações sobre o branqueamento em processos de restauração de papel: um panorama químico e teórico do procedimento

  • Luiza Batista Amaral,
  • Camilla Henriques Maia de Camargos

DOI
https://doi.org/10.11606/1982-02672024v32e39
Journal volume & issue
Vol. 32

Abstract

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O branqueamento é um procedimento amplamente difundido e empregado na área da restauração de documentos gráficos. É frequentemente realizado com a justificativa de beneficiar, melhorar ou “resgatar” a qualidade estética da obra tratada, oferecendo um aspecto subjetivamente novo, asséptico e imaculado ao papel já amarelecido ou manchado. Mesmo nas justificativas menos enviesadas, pautadas em uma possível recuperação da legibilidade e melhora da fruição estética de obras de arte sobre papel, também imperam os argumentos em favor da execução dessa abordagem restaurativa. Centrando as discussões nesse procedimento controverso, o objetivo do presente artigo é tecer um panorama sobre os métodos de branqueamento – convencionais, menos convencionais ou alternativos –, aventando seus princípios metodológicos e principais aspectos físico-químicos. A partir de tal levantamento crítico-metodológico, que contempla inclusive uma introdução aos fenômenos químicos fundamentais à ação do branqueamento sobre cromóforos-chave presentes na celulose amarelecida, faz-se uma exposição criteriosa dos prós e contras das operações em questão, cotejando o debate da teoria da restauração com a discussão feita por Irene Brückler e Ute Henniges em seu artigo sistemático Thoughts on bleaching guidelines. A proposta é contribuir para o debate acerca do branqueamento, também em língua portuguesa, munindo os conservadores-restauradores de informações sobre os principais critérios a serem considerados e os diversos métodos para a realização segura e racional do procedimento.

Keywords