Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-340 - MANEJO TERAPÊUTICO E DESFECHO CLÍNICO DA DOENÇA PULMONAR E/OU EXTRAPULMONAR POR MICOBACTÉRIAS DE CRESCIMENTO RÁPIDO (MCR)

  • Lucas de Noronha Lima,
  • Leonardo Pires de Noce,
  • Marcia Teixeira Garcia,
  • Antônio Camargo Martins,
  • Nanci Michele Saita,
  • Amanda Tereza Ferreira,
  • Thaís Cristina Faria Pacheco,
  • Michele de Freitas Neves Silva,
  • Rodrigo Nogueira Angerami,
  • Mariângela Ribeiro Resende

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104245

Abstract

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Introdução: As Micobactérias de crescimento rápido (MCR) são definidas como aquelas com crescimento em meio sólido em até uma semana. São microrganismos ubíquos, oportunistas podendo causar acometimento pulmonar e extrapulmonar, este relacionado ou não à assistência em saúde (IRAS). Objetivo: Avaliar o manejo terapêutico, eventos adversos e o desfecho clínico de pacientes com MCR acompanhados em ambulatório de referência do Estado de São Paulo. Método: Foi realizado um estudo de coorte retrospectiva, sendo incluídos pacientes com diagnóstico de doença ativa por MCR com comprovação microbiológica segundo os critérios da American Thoracic Society e ANVISA/MS/Brasil no período de 2016 a 2023 atendidos em hospital de referência. Resultados: Dentre os 168 casos de Micobactéria não tuberculosis (MNT), 34 (20,2%) foram de MCR. Foram 32 casos novos e duas recidivas, com identificação do Complexo M abscessus (CMAB) em 20 (58,8%), da espécie M. fortuitum em 12 (35,2%) e de outras espécies em 2 (5,8%). Formas pulmonares ocorreram em 17 (50%) com maior prevalência de M. abscessus (76,4%). Dentre as extrapulmonares, 10 (58,8%) foram relacionadas à assistência à saúde. Quanto ao sítio da infecção, 7 (41,1%) foram de pele e partes moles. Em dois casos de CMAB, detectaram-se resistência ao macrolídeo. Os regimes terapêuticos antes de 2021 foram individualizados por agente; após este período, seguiram-se as diretrizes do MS, 32 (94,1%) utilizaram macrolídeo, 22 (64,7%) fluorquinolonas, 9 (26,4%) carbapenêmico, 5 (14,7%) tigeciclina, 8 (23,5%) clofazimina. Eventos adversos ocorreram em 44,1% dos casos, sendo os mais frequentemente observados intolerância gastrointestinal em 4 (11,7%), ototoxicidade 3 (8,8%), tendinopatia 2 (5,8%), nefrotoxicidade 2 (5,8%), cardiotoxicidade 2 (5,8%), hepatotoxicidade 1 (2,9%) e mielotoxicidade 1 (2,9%). O tempo médio de tratamento na fase intensiva foi 98,6 dias e na de manutenção foi 340 dias. Quanto ao desfecho, evoluíram 21 (61,7%) com cura, 1 (2,9%) com falência de tratamento, 2 (5,8%) para óbito e 9 (26,4%) com mudança de tratamento. Conclusão: Há um número significativo de eventos adversos relacionados ao tratamento de MCR, associados à toxicidade dos esquemas antimicrobianos utilizados por tempo prolongado, com frequente necessidade de mudança. O manejo da infecção por MCR é desafiador, necessitando da participação ativa do paciente no plano terapêutico e de equipe multidisciplinar para a abordagem e seguimento.