Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (Oct 1995)

Chagas' disease in the Brazilian Amazon: III. a cross-sectional sutdy Doença de Chagas na Amazônia brasileira: III - um estudo seccional

  • José Rodrigues Coura,
  • Henry Percy Faraco Willcox,
  • Margarita Arboleda Naranjo,
  • Octavio Fernandes,
  • Daurita Darci de Paiva

DOI
https://doi.org/10.1590/S0036-46651995000500006
Journal volume & issue
Vol. 37, no. 5
pp. 415 – 420

Abstract

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Two serological surveys for Chagas' infection were carried out, in 1991 and 1993, respectively, using a conglomerate family samples from the residents in the town of Barcelos (in the northern part of the State of Amazonas, on the right bank of the Rio Negro, 490 Km up-river from Manaus), using indirect immunofluorescent tests for anti-T. cruzi antibodies. In the first survey (1991), 628 blood samples from the residents of 142 dwellings were tested, showing positive in 12.7% for anti-T. cruzi antibodies and in 1993 an other 658 samples from residents of 171 dwellings showed positive in 13.7% of the tests, thus confirming the previous results. From 170 individuals with positive serology for T. cruzi antibodies, 112 (66%) were interviewed and submitted to electrocardiographic and clinical examinations; 82 (73.2%) of them gave consent for xenodiagnosis. From the 112 interviewed 52 (46.4%) recognized the triatomines as "piaçavas' lice", 48 (42.8%) knew the bugs from their work places being gatherers of piaçava fibers in rural areas and 19 (16.9%) said that have been bitten by bugs in their huts. Only 2 (2.4%) of 82 xenodiagnosis applied were positive for T. cruzi and 9 (8%) of the ECG had alterations compatible with Chagas' disease.Dois inquéritos sorológicos para a infecção chagásica foram realizados, respectivamente em 1991 e 1993, em amostras por conglomerado familiar na população da cidade de Barcelos, utilizando-se a reação de imunofluorescência indireta para anticorpos anti-T. cruzi. No primeiro inquérito de 628 amostras de sangue de residentes em 142 domicílios, 12,7% foram positivas para anticorpos anti-T. cruzi; no segundo inquérito de 658 amostras de sangue de residentes em 171 domicílios, 13,7% foram positivas, confirmando os resultados anteriores. De 170 indivíduos com sorologia positiva para infecção chagásica 112 (66%) compareceram para entrevista e para exame clínico e eletrocardiográfico. Destes 82 (73,2%) submeteram-se ao xenodiagnóstico. Dos 112 entrevistados, 52 (46,4%) reconheceram o triatomíneo como "piolho da piaçava", 48 (42,8%) disseram existir em seus locais de trabalho, geralmente em piaçavais na área rural e 19(16,9%) disseram já terem sido picados pelo inseto. Dos 82 xenodiagnósticos aplicados, 2 (2,4%) foram positivos para T. cruzi. Apenas 9 (8%) dos 112 ECG realizados tinham alterações compatíveis com a doença de Chagas. As evidências demonstram que a infecção chagásica na área tem características profissionais, é transmitida pelo contato com triatomíneos silvestres e que a cepa de T. cruzi circulante é de baixa virulência e patogenicidade, possivelmente por ser silvestre e ainda não adaptada ao homem.

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