Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E DISTRIBUIÇÃO DE LEUCEMIA MIELOIDE NAS REGIÕES BRASILEIRAS ENTRE OS ANOS DE 2013 E 2024
Abstract
Objetivos: Este trabalho tem como propósito examinar o perfil epidemiológico da leucemia mieloide no Brasil, avaliando os parâmetros obtidos pela plataforma TabNet no Painel Oncologia, de forma que, com base nesses dados, possa ser otimizado o planejamento dos recursos de saúde, com o objetivo de melhorar as taxas de remissão e cura da doença na população. Material e métodos: Estudo de caráter observacional, de cunho quantitativo, retrospectivo e analítico, que avalia a distribuição dos casos de leucemia mieloide no Brasil de acordo com os parâmetros de tempo de tratamento, distribuição por região, número de casos por sexo e casos por faixa etária, disponíveis na plataforma TabNet, ferramenta formulada pelo DATASUS, que permite a tabulação de informações a partir de dados do Sistema Único de Saúde (SUS). Foram analisados os casos de 38.524 pacientes, no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2024, e foram incluídos todos os pacientes com o diagnóstico de leucemia mieloide (CID-10: C92). Resultados: Durante os onze anos analisados, 27.880 indivíduos iniciaram o tratamento em até 60 dias após o diagnóstico, como determinado pela Lei Nº12.732, de 22 de novembro de 2012. No entanto, 5.944 indivíduos tiveram tratamento iniciado após 60 dias e 4.700 pessoas têm informação de tratamento desconhecida. Em relação à distribuição do número de casos nas regiões do Brasil, a região Sudeste apresenta-se com o maior número de casos (16.749) e a região Norte como o menor (2.179). A região Nordeste apresentou 8.974 casos registrados, a região Sul 7.596 e a região Centro-Oeste 3.026. Ao decorrer de todo o período analisado, a prevalência da doença foi maior no sexo masculino. Ao final dos onze anos, foram constatados 20.646 casos em homens e 17.878 casos em mulheres. Em relação às faixas etárias avaliadas, a maior incidência ocorreu entre 0 a 19 anos, tendo 4.726 casos, e a menor ocorreu com pacientes de 80 anos ou mais, com 1.483. Ademais, percebe-se que entre a quinta e a sexta década de vida há um aumento no número de casos, sendo a maior incidência na faixa de 60 a 64 anos, com 3.551 casos. Discussão: Este estudo tem como limitação o fato de ser um trabalho retrospectivo e basear-se em uma plataforma que contém dados apenas de casos notificados. Isso é relevante visto que há uma taxa significativa de subnotificação no Brasil. Além disso, a ausência de distinção entre os casos agudos e crônicos de leucemia apresenta-se como um desafio, pois essas condições possuem características epidemiológicas, gravidade e opções terapêuticas diferentes. Outrossim, em relação à prevalência, o estudo apresenta-se semelhante ao que é constatado na literatura científica. Além disso, cerca de 27,63% dos pacientes não receberam tratamento dentro do prazo recomendado ou não têm informações sobre as intervenções realizadas. Conclusão: A análise do perfil epidemiológico de pacientes com leucemia mieloide no Brasil revela a necessidade de ajustes na abordagem de tratamento e destaca a necessidade de dados mais precisos sobre a doença.