Revista de Geografia (Recife) (Dec 2008)

ESTUDO MORFODINÂMICO EM ÁREA DO SEMI-ÁRIDO DO NORDESTE BRASILEIRO: UM MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO EM MICRO ESCALA

  • Talitha Lucena de Vasconcelos Vasconcelos,
  • Sara Fernandes de Souza,
  • Cristiana Coutinho Duarte,
  • Paulo Fernando Meliani,
  • Maria do Socorrro Bezerra de Araújo,
  • Antonio Carlos de Barros Corrêa

Journal volume & issue
Vol. 24, no. 2

Abstract

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O semi-árido do Nordeste do Brasil é uma área peculiar onde as altas temperaturas, os solos rasos, a vegetação hiperxerófila e a chuva mal distribuída são características marcantes. Os estudos geomorfológicos em micro-escala procuram analisar estas e outras características a partir do caráter sistêmico o que leva a um estudo de detalhe onde os processos atuantes se sobressaem no contexto. Tal estudo procurou avaliar uma área selecionada do semi-árido do Nordeste do Brasil a partir desta perspectiva e, elaborar um mapa geomorfológico de detalhe e um mapa de risco da seção onde estão sintetizados os processos superficiais predominantes na área de estudo. O recorte escolhido tem uma área de 1 hectare e está situado no município de Tacaratu-PE. Esta área foi subdividida em 100 células de 100m² com o auxílio de GPS 3D, trena e clinômetro digital, sendo os dados plotados em papel milimetrado para posterior confecção do mapa geomorfológico de detalhe. A análise do grau de estabilidade processual foi realizada em cada célula e observou quatro parâmetros estruturadores da paisagem. Para casa parâmetro analisado determinou-se macroscopicamente seu grau de equilíbrio morfodinâmico, mediante a utilização de uma escala numérica variando 0 (estabilidade máxima) a 3 (máxima instabilidade). Depois de pontuadas as células, os dados foram inseridos em planilha do Excel e posteriormente importados para o software SUFER 8 para a confecção de um mapa de isovalores. O hectare estudado se encontra em uma baixa encosta de uma colina de natureza cristalina. De acordo com o mapa de detalhe dois tipos de unidades distintas foram encontradas na área de acordo com as características geomorfológicas. Em uma unidade há a exposição da alteração do embasamento cristalino, a alterita granítica e, em outra ocorre um recobrimento coluvionar associado à erosão laminar que expõe a alteração do granito. A erosão linear e laminar ocorre nesta encosta ocasionando o aparecimento de sulcos, ravinas e voçorocas. O mapa de risco síntese demonstrou que a parte central e sul da área apresentam grau 3 na escala de equilíbrio morfodinâmico, indicando que este setor está mais sujeito à ação dos processos superficiais intensificados. O estudo em micro escala foi eficiente no que se refere ao detalhamento dos processos ocorrentes na área estudada. Os mapas elaborados representaram nitidamente os tipos e graus de impacto dos processos vigentes sobre a parcela. Estudos mais aprofundados das áreas circunvizinhas poderão dar subsídios aos planos de recuperação de partes degradadas, como também favorecer o seu uso sustentável.