Brazilian Journal of Infectious Diseases (Sep 2022)

FATORES ASSOCIADOS AO ÓBITO POR SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE CAUSADA POR INFLUENZA: ESTUDO POPULACIONAL BRASILEIRO

  • Patrícia Mitsue Saruhashi Shimabukuro,
  • Thayna Martins Gonçalves,
  • Richarlisson Borges de Morais,
  • Karen Renata Nakamura Hiraki,
  • Simone Giannecchini,
  • Kelvin K.W. To,
  • Dulce Aparecida Barbosa,
  • Paulo Henrique Braz da Silva,
  • Monica Taminato

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102419

Abstract

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Introdução: A infecção causada pela Influenza é caracterizada por infecção viral aguda, de alta transmissibilidade, a qual se dá pelas vias respiratórias, mediante secreções, como gotículas, aerossóis e contato com a mucosa. O agravamento do caso pode levar à necessidade de hospitalização, e em alguns casos, podendo levar à morte. Objetivo: Identificar os fatores associados ao óbito por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) causada por Influenza, na população adulta, no Brasil. Método: Estudo transversal, populacional, realizado a partir de dados secundários do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP- Gripe). Foram analisados casos de todas as regiões do Brasil, com início na semana epidemiológica 8 de 2020 até a semana epidemiológica 4 de 2022. Critérios de inclusão: idade igual ou superior a 18 anos, idade inferior a 60 anos, com diagnóstico de Influenza por RT-PCR e com evolução do caso (óbito sim, não) registrada. Casos com registros incompletos ou com informações inconsistentes, foram excluídos. Resultados: Foram identificados 2273 adultos com SRAG por Influenza, durante o período estudado. 343 tiveram o óbito como desfecho, com taxa de letalidade de 15,09%, para o grupo estudado. Destacam-se como principais fatores de risco para óbito de adultos com SRAG por Influenza: não houve internação (RR: 7,706), sem tosse (RR: 2,993) e Idade (RR:1,036), ambas com p<0,001. Além disso, raio X de tórax não realizado (RR: 3,998), raio X de tórax com infiltrado intersticial (RR: 3,160), sem asma (RR: 2,495), raça preta (RR: 2,253), não recebeu vacina contra gripe (RR: 2,182), raça parda (RR: 1,870), sem dor de garganta (RR: 1,549), (p≤0,005). Por outro lado, possuem menos chances de óbito aqueles que apresentam nível médio ou superior de escolaridade, não tem dispneia e saturação de O2 abaixo de 95%, não possuem diabetes e doença neurológica crônica, não foi internado em UTI, necessitou de suporte ventilatório não invasivo ou este suporte não se fez necessário. Conclusão: Os resultados evidenciaram os fatores associados ao óbito por SRAG causada por Influenza no Brasil, e identificou fatores de risco e fatores protetores ao óbito. Evidencia-se que quem não recebeu vacina contra gripe apresenta o dobro do risco do desfecho desfavorável do quadro gripal. Reforçando a necessidade de estimular a adesão à vacinação, e propor mudanças nas políticas públicas para disponibilizar vacinas contra Influenza a toda a população, a fim de prevenir casos graves e desfechos desfavoráveis.