Forma Breve (Dec 2022)

Habitando hotéis - housing em lugares de memória no filme moçambicano

  • Kathrin Sartingen,
  • Sophie Everson-Baltas

DOI
https://doi.org/10.34624/fb.v0i18.31005
Journal volume & issue
no. 18

Abstract

Read online

O ‘habitar’ ainda é um tópico não muito abordado na análise de filmes. Embora Düllo declare em seu artigo “Wohnen im Film” (“O viver no Cinema”) que as respectivas situações de moradia dos personagens fílmicos são cruciais para determinar sua ancoragem no nível diegético da ação, muito pouca importância tem sido dada à específica configuração do espaço habitado. No entanto, é precisamente o aspecto da localização espacial e habitacional que fornece informações significativas a propósito da incorporação cultural, social, psicológica e identitária dos personagens. Neste sentido, os diferentes lugares e não-lugares do housing cinematograficamente representados refletem sempre os diversos contextos geopolíticos nos quais os personagens se encontram. Junto com isto, as suas memórias se inscrevem no processo de estabelecer-se, pois a memória também precisa de pontos de referência e tende para a espacialização. O não-lugar do hotel torna-se, neste sentido, um lugar de memória em cujos quartos estão inscritas inúmeras histórias e memórias individuais, as quais oferecem, no ato de recordar, um ponto de referência para a memória coletiva. A exemplo de dois documentários moçambicanos, Hóspedes da Noite de Licínio Azevedo (2007) e Grande Hotel de Lotte Stoops (2010), assim como um longa-metragem A Costa dos Murmúrios (2004) de Margarida Cardoso, serão analisadas as diferentes dimensões do housing em antigos hotéis coloniais em Moçambique. Analisam-se novas perspectivas sobre a negociação das formas do ‘habitar’ nos tempos coloniais e pós-coloniais, bem como sobre as formas de (re)visão do passado e do presente em Moçambique.

Keywords