Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

SETE ANOS DE EXPERIÊNCIA DO SERVIÇO DE TRANSPLANTE AUTÓLOGO DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU (HCFMB) – UNESP

  • IA Campinas,
  • RO Coelho,
  • BB Arnold,
  • MT Souza,
  • LP Menezes,
  • BB Cal,
  • ME Pelicer,
  • TSP Marcondes,
  • LO Cantadori,
  • RD Gaiolla

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S520

Abstract

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Introdução: Apesar do surgimento de novas terapias-alvo, o Transplante de Medula Óssea (TMO) permanece parte integrante do cuidado em diversas doenças Onco-Hematológicas. O Serviço de TMO do HCFMB atua desde 2016, com a modalidade de Transplante Autólogo de Medula Óssea (TCTH-auto). O presente trabalho objetiva analisar dados dos transplantes realizados até o momento. Métodos: Análise retrospectiva dos dados de todos os pacientes submetidos a TCTH-auto entre junho/2016 e março/2023. Resultados: 121 pacientes submetidos ao TCTH-auto, idade mediana de 53 anos (19‒71). Destes, 69 homens (57%), 28 (23%) procedentes de Botucatu, 91 (75%) do interior paulista e 2 de outros estados. Diagnóstico primário: 54,5% Mieloma Múltiplo (MM); 21% Linfoma de Hodgkin (LH); 19% Linfoma Não Hodgkin (LNH) – predominando Difuso de Grandes Células B e Manto; demais incluíram Leucemia de Células Plasmocitárias, Tumor de Células Germinativas e Amiloidose AL. Mobilização em 98,4% dos casos com G-CSF (destes 43% em associação à Vinorelbina e 3% à Plerixafor). Mediana da coleta de CD34 foi de 4,71×106 células/kg e 96 (79%) pacientes necessitaram apenas uma aférese. A mediana de pega de neutrófilos e plaquetas foi de 12 dias. As internações hospitalares levaram em média 23 dias (13‒58). Durante a internação foram realizadas em média 3 plaquetaféreses e 2 concentrados de hemácias por paciente. Vias alternativas de nutrição (enteral e parenteral, usadas em 46% dos pacientes) foram majoritariamente indicadas por inapetência após o transplante (79%) ou por mucosite (33%). O tempo médio de uso dessas vias foi de 8 dias. Ao total, ocorreram 6 óbitos (4,8%) durante o TMO (1 sangramento alveolar, 2 COVIDs, 3 por sepse) e mais 2 óbitos até D+100, ambos por progressão precoce de doença. Resposta completa no D+100 foi observada na maioria dos casos (56% MM, 68% LH e 74% LNH). Discussão: No Brasil, o TMO é realizado em 14 estados e predomina em São Paulo. Em 2022, foram realizados 3991 transplantes, sendo 2529 autólogos (63,3%). Segundo portal público da Associação da Medula Óssea, dados coletados desde 2019 apontam que, no Brasil, a maioria dos TCHT-auto são em homens (58,7%) e com diagnóstico primário de MM, seguido por LNH e LH. Tempo de internação médio nacional é de 21 dias e a principal causa de óbito foi a doença primária (46,2%), seguido por infecção (35,5%). As infecções relacionadas ao transplante são uma das principais causas de morbimortalidade, sejam bacterianas, virais e/ou fúngicas e a pandemia do COVID-19 mostrou-se um desafio a mais nesse contexto. De acordo com os dados levantados em 7 anos de funcionamento do serviço, os indicadores se assemelham aos dados nacionais, porém com maior prevalência de LH como a segunda principal indicação do TMO e maior taxa de infecção como causa de mortalidade relacionada ao procedimento, em detrimento da progressão de doença. Um dado muito particular do serviço é o maior número de pacientes que utilizaram vias alternativas de nutrição, principalmente por ingestão insuficiente de dieta. Conclusão: O presente trabalho demonstra resultado geral positivo do serviço de TMO autólogo do HC-FMB. A análise de dados históricos é fundamental para autoconhecimento e aprimoramento do serviço, contribuindo para a discussão de políticas internas e de investimentos no setor.