Revista Subjetividades (May 2016)
As Incidências do Discurso Capitalista sobre os Modos de Gozo Contemporâneos
Abstract
Este artigo apresenta uma discussão sobre a perversão generalizada na atualidade e os seus efeitos sobre os sujeitos. Para fazer essa reflexão, utiliza-se a pesquisa bibliográfica, apresentam-se as noções de gozo e perversão na obra de Lacan e são analisadas as incidências do discurso capitalista sobre os modos de gozo contemporâneos, a partir de autores que discorrem sobre o tema. Além disso, tem-se como pressuposto o dado de que o discurso capitalista, associado ao declínio da função paterna, incide sobre a subjetividade, produzindo especificidades nas formas de gozar na atualidade. Assim, o sujeito fica servo de um imperativo superegoico que lhe impõe um mais-de-gozar insaciável. As consequências disso são as constantes irrupções de traços de perversão em nossa sociedade, ricamente ilustradas nas páginas da internet. O discurso capitalista oferece um gozo generalista, por meio de uma relação direta com os objetos de consumo, e há uma promessa de cura para o mal-estar com os objetos contemporâneos, mas a divisão do sujeito aponta para uma impossibilidade de se preencher a falta subjetiva com esses objetos. Dessa forma, a onda de objetivação imposta pela cultura, em vez de acabar com o mal-estar do sujeito, intensifica-o. Como saída, o sujeito busca algo que o particularize nessa cultura global e, para isso, ele se serve dos mesmos dispositivos tecnológicos que a cultura lhe oferece para tamponar a sua divisão subjetiva.