Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
INVESTIGAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE POLIMORFISMOS NOS GENES MMP2 E MMP9 COM COMPLICAÇÕES CEREBROVASCULARES EM PACIENTES PEDIÁTRICOS COM ANEMIA FALCIFORME
Abstract
Objetivos: As metaloproteinases de matriz 2 e 9, são responsáveis pela remodelação da matriz extracelular além de estarem diretamente relacionadas com processos inflamatórios e de caráter neurológico, o que as coloca como grandes candidatas a moduladoras da fisiopatologia da anemia falciforme (AF), em especial das complicações de caráter cerebrovascular. Este trabalho teve como objetivo avaliar a influência e possível associação dos polimorfismos nos genes MMP2 e MMP9 com o desenvolvimento de complicações cerebrovasculares em pacientes pediátricos com AF. Métodos: No estudo foram incluídos 364 pacientes pediátricos entre 2 e 20 anos (mediana de idade de 14 anos), não aparentados, de ambos os sexos, acompanhados na fundação HEMOPE. Foi realizada a genotipagem para os polimorfismos rs243865 do gene MMP2 e rs17576 do gene MMP9 por meio de PCR em tempo real por discriminação alélica utilizando o sistema de sondas TaqMan®. Resultados: Nenhuma associação estatística foi observada entre o polimorfismo rs243865 com as complicações cerebrovasculares e variáveis laboratoriais analisadas no estudo. Já em relação ao polimorfismo rs17576 não foram observadas associações com as complicações cerebrovasculares em questão, mas foi observada uma associação com as variáveis laboratoriais: número de células vermelhas (RBC) p = 0,032, bilirrubina total (BT) p = 0,003 e bilirrubina indireta p = 0,007 nos trazendo hipóteses sobre uma possível participação da MMP9 com o perfil hemolítico da doença. Discussão: A bilirrubina indireta é um importante marcador de hemólise e apesar de na literatura até o dado momento nenhuma evidência da participação das gelatinases em processos hemolíticos ter sido relatada, hipotetizamos que esse achado possa apontar para uma relação do polimorfismo rs17576 com um perfil mais hemolítico da doença podendo atuar de forma protetiva ou como fator de risco. Ainda há, também, a possibilidade de os resultados apontarem para uma associação estatística, mas não necessariamente biológica. Sendo assim, os achados abrem possíveis caminhos para novos estudos que envolvam as respectivas variáveis com novos direcionamentos para melhor compreensão da participação tanto da MMP2 como da MMP9 na AF. Conclusão: O polimorfismo rs243865 do gene MMP2 e o polimorfismo rs17576 do gene MMP9 não se mostraram associados com o desenvolvimento de nenhuma complicação cerebrovascular em indivíduos pediátricos com AF acompanhados pelo Programa de Triagem Neonatal do HEMOPE. Além disso, o polimorfismo rs17576 do gene MMP9 mostrou-se associado com três variáveis laboratoriais em indivíduos pediátricos com AF, o que pode apontar para um possível envolvimento com o perfil hemolítico da doença, podendo ser um futuro objeto de estudo.