Acta Médica Portuguesa (Jun 2013)

Fibrilhação Auricular na Doença Cerebrovascular: A Perspectiva Neurológica Nacional

  • Joao Sargento-Freitas,
  • Fernando Silva,
  • Sebastian Koehler,
  • Luís Isidoro,
  • Nuno Mendonça,
  • Cristina Machado,
  • Gustavo Cordeiro,
  • Luís Cunha

DOI
https://doi.org/10.20344/amp.85
Journal volume & issue
Vol. 26, no. 2

Abstract

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Introdução: A cardioembolia por fibrilhação auricular assume particular destaque etiológico nas doenças vasculares cerebrais devido à sua crescente incidência, elevado risco embólico e particularidades dos eventos clínicos causados. São objectivos deste trabalho analisar a frequência da fibrilação auricular numa população de doentes com acidente vascular cerebral isquémico observados num hospital nacional, estudar o impacto vital e funcional dos acidentes vasculares cerebrais causados por diferentes etiologias, e avaliar as opções antitrombóticas prévias e posteriores ao acidente vascular cerebral. Metodologia: Realizámos um estudo observacional retrospectivo incluindo todos os doentes internados num hospital central por acidente vascular cerebral isquémico em 2010 (pelo menos um ano de seguimento). A etiologia do acidente vascular cerebral foi definida pela classificação Trial of ORG 10172 in Acute Stroke (TOAST) modificada e o resultado funcional pela escala Rankin modificada. Realizámos análise descritiva das diferentes etiologias de acidente vascular cerebral e das prescrições antitrombóticas a doentes com fibrilhação auricular. Realizámos ainda um estudo de coorte para estudar o impacto clínico das opções antitrombóticas em prevenção secundária após acidente vascular cerebral cardioembólico. Resultados: Na nossa população (n = 631) encontramos frequência de cardioembolia (34,5%) superior à relatada na literatura. Os valores de mortalidade e morbilidade além das opções terapêuticas antitrombóticas em pré e pós-Doença Vascular Cerebral são semelhantes aos de outras séries, confirmando a gravidade dos acidentes vasculares cerebrais cardioembólicos e a subutilização dos antagonistas da vitamina K. A anticoagulação oral foi eficaz em prevenção secundária independentemente do estado funcional sequelar após acidente vascular cerebral. Conclusões: Apesar das recomendações terapêuticas inequívocas a anticoagulação oral continua a ser subutilizada em prevenção de Doença Vascular Cerebral. Confirmamos a eficácia clínica dos antagonistas da vitamina K em prevenção secundária, independentemente das limitações funcionais sequelares.