Revista Criação & Crítica (Jan 2022)
O AMANTE DA CHINA DO NORTE DE MARGUERITE DURAS: A MÚSICA E SUA SIGNIFICÂNCIA
Abstract
Marguerite Duras (1914-1996) é considerada, hoje, uma das mais importantes escritoras francesas da segunda metade do século XX. Descontente com a filmagem de O Amante por Jean-Jacques Annaud (1990), Duras retoma a história de sua adolescência e escreve O Amante da China do Norte (1991). Trata-se de um texto singular que pretende ser um roteiro de filmagem, mas definido pela própria autora como “romance”. Barthes (1982) reflete sobre a “escuta”, que define como algo que pode determinar, despertar no homem sentimentos prazerosos ou ameaçadores. Sabe-se que a música é sobretudo ambivalente e se assemelha a uma linguagem, podendo transmitir uma intenção (ADORNO). Considerando com Kristeva (1969) que a palavra literária é resultado de um “croisement de surfaces textuelles”, no presente trabalho será examinado o cruzamento entre a “escuta” das músicas mencionadas na obra por parte das personagens e do narrador e a palavra escrita, bem como seu significado, não só como pano de fundo do texto, mas como sua parte integrante e até como fio condutor da intriga do “texto-filme”.