Revista Geographia (Sep 2019)

HORIZONTES DE UMA RELAÇÃO RURAL - URBANO NÃO CAPITALISTA: O MOVIMENTO SOCIAL COMMUNITY SUPPORTED AGRICULTURE

  • Alanda Lopes Baptista Martins

DOI
https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2019.v21i46.a27252
Journal volume & issue
Vol. 21, no. 46
pp. 58 – 72

Abstract

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Resumo: O que se compreende como rural, em termos de suas instâncias empíricas e conceituais, é, ainda que de forma vaga, altamente carregado do simbolismo. No pensamento sociológico, a ideia de rural é tradicionalmente abordada em articulação direta com seu par oposto, o urbano, tal como um axioma analítico de compreensão da realidade a partir de uma relação entre dois polos. Uma infinidade de obras teóricas vem se dedicando a resolver a dificuldade, imposta pelo desafio deste mesmo axioma, de delimitação de cada uma destas esferas específicas. Seu produto conceitual, que impregna de sentidos o rural, reflete, por sua vez, perspectivas reais de comprometimento de grupos sociais específicos, bem como de suas demandas de reprodução do espaço. O objetivo deste artigo é trazer à tona elementos de tais narrativas históricas sobre o rural, com um enfoque sobre o modo de pensar capitalocêntrico acerca da relação rural-urbano. Defendemos a necessidade de se descortinar a gênese teórica do rural, bem como dos compromissos teóricos estabelecidos a partir de determinadas demandas e circunstâncias sociais, para uma necessária abertura a análises dedicadas a dualidade conceitual rural-urbano que apontem para outros processos sociais, em curso, e não redutíveis a racionalidade capitalista, tal como a experiência, neste texto abordada, do movimento social Community Supported Agriculture (CSA) com sua interface rural-urbano através da construção de estratégias solidárias de produção/distribuição/consumo de alimentos.