Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (Jun 1992)

Evolução da cardiopatia chagásica crônica I - influência da parasitemia

  • José Borges Pereira,
  • Henry Percy Faraco Wilcox,
  • José Rodrigues Coura

Journal volume & issue
Vol. 25, no. 2
pp. 101 – 108

Abstract

Read online

No período de 8 anos (1982-1990) foi avaliada a evolução da cardiopatia chagásica crônica (CCC),pelo estudo eletrocardiográfico de repouso, edaparasitemiapeloxenodiagnóstico em 279pacientes, 85 homens e 194mulheres, com idades de 7a 76 anos (média = 42,6 anos), todos do municípios de Virgem da Lapa, Estado de Minas Gerais, Brasil. De acordo com os resultados dos eletrocardiogramas classificamos a evolução da CCC em inalterada (El) - quando não havia mudança no padrão inicial do traçado, progressiva (EP) - quando havia mudança de normal para alterado ou pelo agravamento das alterações € regressiva (ER) - quando havia normalização ou redução da gravidade das alterações. De acordo com os resultados dosxenodiagnósticos (mínimo de 3 e máximo de 8 por paciente), 120 pacientes foram considerados com parasitemia positiva - um ou mais exames positivos e 159 com parasitemia negativa - todos os exames negativos. Os resultados mostraram: a) EI em 172 (61,6%) pacientes, EP em 99 (35,5%) e ER em 8 (2,9%), sem diferença significativa entre o tipo de evolução e o tipo de parasitemia; b)a EP foi crescente com a idade tanto no grupo com parasitemia positiva como no grupo com parasitemia negativa e significativamente maior nos homens emrelação ásmulheres, independentemente do tipode parasitemia. Com estes achados podemos afirmar que o aparecimento ou a progressão da CCC não se mostraram associadas ao tipo de parasitemia, mas sim ao sexo masculino e ao aumento da idade dos pacientes, sugerindo que a parasitemia não está relacionada com o agravamento da cardiopatia chagásica crônica.During eight years (1982-1990) the evolution of chronic chagasic cardiopathy and its relation to parasitemia was evaluated in 279patientes. 85 men and 194 women, studied by resting eletrocardiography and xenodiagnosis. All patients were residents in Virgem da Lapa, State of Minas Gerais, Brazil and their ages varied from 7 to 76 years (average 42.6y). According to the results ojthe electrocardiograms the evolution ofchagasic cardiopathy was classified as a) unchanged- when there was no change of the initial pattern off the ECG, b) progessive - when there was deterioration of theECG pattern and c) regressive - when there was normalization or regression of the ECG alterations. Regarding xenodiagnosis 120 were considered with positive parasitemia, one or more xenodiagnoses positive, and 159 with negative parasitemia - alt xenodiagnoses negative. The results showed: a ) chagasic cardiopathy unchanged in 172 (61.6%) patients, bfprogressive in 99 (35.5%) patients and c) regressive in 8 (2.9%). There was no relation between the evolution of chagasic cardiopathy and parasitemia. Independent from parasitemia, the cardiopathy was progressive according to the age of the patients and significantly greater in males. In conclusion we can state that evolution of chronic chagasic cardiopathy is associated with the age and with the male sex, but not with parasitemia, and this may suggest that parasitemia is not related to the development of the chronic chagasic cardiopathy.

Keywords